Eneida - Cap. 9: Os troianos são Cercados Pág. 160 / 235

Chegara, portanto, o dia determinado e cumpria-se o voto de Júpiter. As rochas ardentes do exército de Turno nada podiam contra os navios construídos com aquela madeira sagrada.

Enquanto as chamas chore iam sobre os barcos, uma luz estranha brilhou no horizonte e uma grande nuvem passou deslizando pelo firmamento, enquanto uma voz altíssima — a voz de Cibele, mãe dos deuses — soava:

— Não vos apresseis, ó dardanios, em defender os vossos navios, pois estão mais seguros contra o fogo de Turno que as águas dos mares. São minhas árvores sagradas! E agora, densas das águas, ide! É a minha ordem.

Imediatamente, as popas desprenderam-se das areias arrebentando as amarras e os navios embicaram para o fundo do mar, surgindo logo depois sob a forma de formosíssimas ninfas que pulavam e dançavam como golfinhos graciosos, afastando-se da costa.

Os acontecimentos prodigiosos deixaram os rótulos estupefactos e aterrorizados. Messapo encheu-se de pavor, que atingiu também os seus cavalos, mas não a Turno, que, vendo os agouros pelo seu lado bom, disse:

— Estes presságios são contra os troianos. O próprio Júpiter tirou-lhes a única esperança que restava: a fuga por mar. Terão eles agora de enfrentar os dardos e as espadas dos nossos bravos guerreiros. A terra está em nosso poder, somos-lhes muitas vezes superiores em número e do nosso lado reúnem-se quase todos os povos da Itália! As profecias dos deuses, embora o inimigo as tome a seu favor, em nada me aterram. Obedeceram aos desígnios de Apolo e cumpriram-se as promessas das Parcas e eles chegaram às terras do Lácio, mas a partir deste momento somos nós que temos o destino nas mãos. Não lhes bastou ver as muralhas de Tróia destruídas, para quererem tentar novas aventuras? Quanto a vós, valentes guerreiros, dizei-me qual de vós vem comigo arrasar a ferro e fogo essas rústicas trincheira.





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