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Capítulo 9: Os troianos são Cercados

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(continuou)

— Contra os troianos não preciso de armas de Vulcano, nem de mil navios, ainda que todos os etruscos fossem seus aliados. Não necessitam, como na guerra contra os gregos, temer as trevas da noite, o cobarde roubo da estátua de Minerva, nem que sejam assassinadas as sentinelas dos seus bastiões. Também não nos esconderemos no bojo de um cavalo, à luz do dia. Rodearemos abertamente essas fortificações a ferro e fogo, para que não pensem que somos os gregos que Heitor entreteve durante dez anos. Mas agora, como já se passou a maior parte do dia e essas primeiras tentativas terminaram com êxito, cuidai alegres de vossos corpos, meus guerreiros, que bem mereceis esse repouso. Amanhã espera-vos o combate.

Messapo ficou então encarregado de vigiar as portas com sentinelas e de cercar os muros com fogueiras. Foram colocados doze postos, cada um com cem homens de tónicas purpurinas, penachos e armaduras de ouro cintilante, rondando e revezando-se em horas certas. Enquanto uns velavam, outros entregavam-se ao descanso ou bebiam vinho deitados na relva. As fogueiras luziam na escuridão.

Do alto das suas trincheiras, os troianos observavam tudo, atentos ao menor movimento junto as portas e prestes a lançar mão das armas. Seresto e Mnesteu, a quem Eneias nomeara como chefes em seu impedimento, não descansavam. Toda a guarnição estava alerta pelos muros, depois de ser feito o sorteio para ver quem ocuparia os postos mais perigosos, e cada um cumpria o seu dever. O grande guerreiro Niso, filho de Hírtaco, incomparável no lançamento do dardo e arqueiro exímio, guardava o portão principal. Perto dele estava Euríalo, seu amigo íntimo, jovem ainda e famoso pela beleza das feições. Disse Niso:

— São por acaso os deuses, Euríalo, que insuflam este ardor na minha mente ou são os nossos próprios desejos que, de tão veementes, nos parecem como sendo vontade das divindades? Há muito tempo que me agita o pensamento de tentar ou um combate ou uma outra grande empresa. V& como estão confiantes os rótulos, a ponto de relaxarem a guarda, certos da sua força, entregando-se ao sono e ao vinho? Raras fogueiras ainda brilham e por toda a parte reina o silêncio. Ouve, pois, o meu plano. Todos aqui querem que seja enviada uma mensagem a Eneias, dizendo-lhe o que ocorre, para que venha guiar-nos. Nada almejo mais do que a glória de ser portador de tal notícia. Acho que pela falda daquele outeiro não distante poderei achar saida para a cidade de Evandro.

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Capa do livro Eneida
Páginas: 235
Página atual: 161

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
A Queda de Tróia 1
Partem os Troianos 20
Eneias Chega a Cartago 38
Eneias e Dido 57
Os Jogos Fúnebres 79
Eneias no Mundo das Sombras 102
Os Troianos Desembarcam na Itália 124
Eneias em Apuros 141
Os troianos são Cercados 157
A Assembleia dos Deuses 177
O Rei Latino Pede Paz 195
O Combate Final 215