Eneida - Cap. 11: O Rei Latino Pede Paz Pág. 213 / 235

Subindo então a um cômoro do campo de batalha, viu ao longe Arunte, inflado o peito de vão orgulho. Tal e qual uma amazona, a ninfa segurou no arco, colocou nele a seta dada por Diana e retesou a arma até o farpão do pequeno dardo se encostar na madeira trabalhada. Partiu com endereço certo a seta mortal, sibilando por cima da multidão de guerreiros. O matador de Camila ouviu-a apenas uns segundos antes que o ferro agudo lhe penetrasse o peito. Os companheiros ignoraram-no, deixando-o a morder o pó, agonizante, naquela terra estranha. E Ópis elevou-se aos céus, dizendo:

— Morre agora, poltrão, mais vil de todos os nossos inimigos. É essa a recompensa pelo teu feito desprezível.

No entanto, a morte da amazona lançara o Fanico entre as fileiras das suas companheiras. O terror, como o fogo que se propagava na selva, atingiu também os rótulos, que fugiram desordenadamente para as muralhas, atrás das jovens guerreiras. Mas perseguia-os de perto a cavalaria etrusca, dizimando os fugitivos sem piedade. Os cascos dos cavalos em disparada abalavam a planície coberta de uma nuvem escura de poeira. Nos bastiões já se ouvia o clamor das mães, sentindo a desgraça. O tropel dos perseguidores troianos foi tão veloz que muitos penetraram pelos portões abertos à frente dos fugitivos. Estabeleceu-se então o combate generalizado. Lutava-se corpo a corpo, dentro e fora das muralhas. Eram terríveis o bater das armas, os gritos, os gemidos e também o morticínio. Até mesmo as mães, as crianças e os anciãos, com os cabelos soltos e os olhos desvairados, pelejavam do alto dos muros, atirando dardos, bolas de fogo e pedras sobre a turba confusa de amigos e inimigos que se digladiavam lá em baixo.





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