Eneida - Cap. 2: Partem os Troianos Pág. 23 / 235

Imolaram um touro a Neptuno, outro a Apolo, uma ovelha preta à Tempestade e uma outra, branca, aos Zéfiros felizes.

Chegou-lhes então a noticia de que o rei Idomeneu, de Creta, abandonara a ilha, deixando-a deserta, e que as casas, ruas e cidades estavam livres de inimigos e à disposição dos rroiar^los Houve um brado de alegria entr os exilados, os quais, auxiliados por vento de popa, logo chegaram à ilha

Eneias deu imediatamente início à construção de uma cidade, a quê chamou de Pérgamo, exortando a sua gente, satisfeita com o nome que Ihe recordava a pátria, a amar os seus lares e a construir uma fortaleza.

Passou-se o tempo e floresceu a colónia. A terra era cultivada, os moço felizes casavam-se com as donzelas sorridentes. Eneias promulgava as leis e distribuía habitações e campos entre os seus companheiros.

Nova calamidade, no entanto, abateu-se sobre eles. Uma pestilência mortal, vinda de um ponto obscuro do céu, encheu o ar, atacando as árvores e as searas. As pessoas morriam ou arrastavam os corpos combalidos pelos campos estéreis, queimados pelo Sol escorchante. Reinava a fome e a sede. Anquises aconselhou que se retornasse ao oráculo de Apolo, em Delfos, suplicando-lhe perdão e indagando novamente para onde deveriam seguir rumo.

Aconteceu, por aqueles dias, que Eneias teve um sonho em que via as imagens sagradas dos deuses domésticos trazidas das ruínas fumegantes de Tróia. A lua cheia, entrando pela janela aberta, iluminava-os e eles dirigiam-lhe a palavra serenando-lhe os animas:

— O que Apolo te diria em Delfos, nós te diremos aqui, e agora, como seus mensageiros. Nós, que te temos acompanhado nas tuas andanças e luta depois de incendiado Tróia; nós, que por ti guiados cruzamos os mares revoltos; nós, teus deuses domésticos, te dizemos agora para partir.





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