Eneida - Cap. 12: O Combate Final Pág. 231 / 235

Mas eram impedidos por Eneias, que ameaçara de morte imediata qualquer homem que ousasse responder ao apelo do príncipe, enquanto procurava alcança-lo. Eneias viu o dardo que ele mesmo lançara contra o rótulo logo no inicio da peleja. A arma estava profundamente cravada num tronco de oliveira, árvore essa dedicada ao deus Fauno e que era especialmente reverenciada pelos marinheiros salvos à fúria do mar. Eneias parou e tentou arrancá-la do madeiro, a fim de atirá-la contra Turno, que tao habilmente estava a escapar à sua espada. O rútulo, sentindo a intenção de Eneias, orou, tomado de terror:

— Fauno, deus dos latinos, tem dó de mim e prende esse ferro na tua madeira que sempre venerei e que os troianos, pelo contrário, profanaram, cortando-a para limpar o campo de batalha.

A prece de Turno foi ouvida e respondida, pois mesmo a grande força do troiano não conseguiu arrancar a arma da oliveira sagrada. Mas, enquanto isso, já veloz se apresentara Juturna, ainda disfarçada em Metisco, entregando ao irmão a sua verdadeira espada. Indignada com a intromissão indébita da ninfa, Vénus veio rápida dos ares e arrancou o chuço da madeira. Defrontaram-se novamente os dois gigantes: um, Eneias, com a lança, e o outro, Turno, com a lamina fria da espada paterna.

Entretanto, no alto Olimpo, o grande Júpiter assim repreendia a su. esposa Juno:

— E agora, ó mulher-deusa, astuta sem igual, insuperável no poder dá odiar, que planeias ainda no teu coração ardiloso? Já tiveste a tua vez. Até uma seta atirada por um mortal conseguiste fazer atingir Eneias, filho dá minha filha. Por meio de Juturna anulaste os acordos celebrados. Lançaste a discórdia na casa real, acendeste a guerra abominável em toda a Itália e agora fazes a irmã de Turno devolver-lhe a espada perdida, quando a sua sorte já estava lançada. Chegou o momento supremo. Pudeste persegui esta raça através dos mares depois de lhe destruir a pátria, mas agora a tu: maldade tem fim. Basta, Juno, antes que sintas o poder do meu rancor





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