Eneida - Cap. 2: Partem os Troianos Pág. 37 / 235

Encolerizado por não conseguir encontrá-los, soltou um berro formidável, que fez estremecer a água, a terra e até as próprias cavernas do Etna.

O brado chamou a atenção dos outros Ciclopes, que surgiram dos bosques e das montanhas, correndo na direcção da costa. Era um grupo horrendo, ali parado, impotente para alcançá-los porque não tinha barcos, a agitar o porte gigantesco e a balançar as cabeças de um só olho.

O medo fez Eneias e os outros soltar as velas a todo o vento. A pequena esquadra seguiu ao largo da costa siciliana, passando pela ilha de Ordgia e transpondo a pantanosa foz do Heloro, de águas estagnadas. Costearam os altos penhascos de Paquino, o ponto mais meridional da Sicília e, ao longe, surgiu Camerina, com as suas montanhas. Já então os corajosos barcos troianos de alta proa sulcavam o mar Tirreno, na costa oeste da ilha. Deixaram para trás as palmeiras de Selino e cautelosamente atravessaram os baixios de Lilibeu, perigosos devido aos seus muitos recifes ocultos, chegando às costas áridas de Drépano. Foi ai que aconteceu uma desgraça não prevista por Heleno, nem por Celeno, a rainha das cruéis Harpias. Morreu Anquises, o bom pai do herói Eneias e consolo de todas as suas dificuldades.

— Ó melhor de todos os pais! — chorava o troiano. — Assim me sois tirado, mas os cuidados e canseiras que tivestes comigo não o foram em vão. Eu, vosso filho, aqui fico para vos prantear e procurar o nosso objectivo de acordo com o vosso sábio conselho.





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