Eneida - Cap. 5: Os Jogos Fúnebres Pág. 92 / 235

Só restava Acestes. Este, no entanto, ostentando destreza semelhante à do pai, lançou a sua flecha aos ares, fazendo vibrar a corda do arco. Ocorreu então um súbito e maravilhoso prodígio, pois a seta, ao atingir as nuvens, tornou-se incandescente e, descrevendo no ar uma senda luminosa, desfez-se num fumo ténue, como acontece com as estrelas candentes que, soltas do céu, riscam o firmamento e desaparecem.

Pasmados ficaram os sicilianos e troianos, os corações suspensos de espanto e temor, invocando as divindades do Olimpo. Aceitando o agouro que se apresentava, Eneias abraçou alegremente Acestes e encheu-lhes as mãos de prémios, dizendo-lhe:

— Toma, ó pai, porque o grande rei do Olimpo quis que recebesses, por tal prodígio, honra extraordinária. Terás este presente do meu próprio pai — uma taça, com figuras em relevo, que outrora me foi dada pelo trácio Cisseu, para que a levasse a Anquises, como penhor da sua amizade.

Assim dizendo, cingiu-lhe a fronte com as verdes palmas e proclamou Acestes o vencedor. Nem mesmo o bom Euricion invejou a honraria dada ao outro, embora fosse ele que tivesse abatido a ave no céu. O homem que cortara o laço do pássaro e o que enterrara a seta no mastro, receberam também os seus presentes.

Mas, ainda mal terminara o certame de tiro de flechas e já Eneias chamara a si Epitida, o guarda e companheiro fiel do jovem Ascânio, dizendo-lhe:

— Vai e diz a Ascânio que prepare o esquadrão de jovens cavaleiros e que o traga até aqui para fazer evoluções em honra de meu nobre pai Anquises.





Os capítulos deste livro