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Capítulo 12: XII - A mensagem

Página 117

O infante, que até então estivera calado, ouvindo os seus optimates, pôs-se em pé e, com as faces abrasadas, apertou o punho da espada e bradou:

– A paz!? Oh, isso nunca!

– A paz – insistiu o Lidador com firmeza – eu a pedi mil vezes na cúria de vossa mãe. Que o conde vos ceda a herança de meu senhor D. Henrique; que D. Teresa ceda a seu nobre filho o senhorio desta terra de cavaleiros!... Que um mensageiro vá em nome do infante e dos filhos-d’algo de Portugal propor estas condições, antes de as oferecermos nas pontas das lanças. Ainda uma vez o requeiro, em que pese aos que ousarem acusar-me de desleal, porque guardo o esforço para o momento das obras, e desprezo o que se revela em feros e ameaças antes do combater.

O rico-homem olhou em roda com ar altivo. Alguns dos barões do conselho cravaram a vista no chão.

– Mas lembrai-vos – atalhou Afonso Henriques – de que a memória de muitos anos de opróbrio só pode derriscá-la o sangue correndo abundante em campo de lide.

– E vós, senhor, não vos esqueçais de que também nessa primeira batalha o sangue que há-de correr será dos vassalos e dos peões, cujo príncipe sois: o sangue de cristãos, e não de agarenos e ismaelitas.

O infante ficou por algum tempo mudo: depois fitou os olhos no seu velho aio, que lhe fez um leve sinal de assenso.

– Seja, pois, como pretendeis – disse ele por fim – ainda que tenho por certo será uma bem inútil mensagem. Ao menos meu primo el-rei de Leão, que tão contrário se nos mostra, saberá que procurei evitar a guerra.

– E quem há-de ser o mensageiro? – perguntou o arcebispo de Braga, D. Paio, que no gesto carrancudo dava sinais de estar mais longe do espírito do Evangelho que o duro e impetuoso Gonçalo Mendes.

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pág. 117 (Capítulo 12)

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Capa do livro O Bobo
Páginas: 191
Página atual: 117

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Introdução 1
II - Dom Bibas 8
III - O Sarau 18
IV - Receios e esperanças 27
V - A madrugada 38
VI - Como de um homenzinho se faz um homenzarão 45
VII - O homem do zorame 59
VIII - Reconciliação 66
IX - O desafio 80
X - Generosidade 90
XI - O subterrãneo 97
XII - A mensagem 110
XIII - A boa corda de cânave de quatro ramais 123
XIV - Amor e vingança 141
XV - Conclusão 157
Apêndice 173