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Capítulo 12: XII - A mensagem

Página 121

Fora sobre este resultado da revolta que Garcia Bermudes e Fernando Peres tinham alevantado desde o princípio a máquina das suas traças guerreiras. Longe de esperarem o ser acometido atrás de muros e barbacãs, onde se lhes tornava inútil a superioridade da cavalaria, convinha-lhes acometer os contrários em campo aberto. Aí a vitória parecia segura. Naquele tempo os peões, ou infantaria, chusma indómita – rude e mal armada –, era tida em nenhuma conta, e nos arrolamentos dos exércitos quase que não se contava senão com o número das lanças.

A certeza obtida enfim daquelas circunstâncias, que podiam produzir para o infante a desonra e a morte no momento em que chegava às cercanias de Guimarães no meio de sonhos de ambição e de esperanças de glória, mitigou algum tanto o furor do conde de Trava. Posto que ainda carrancudo, passeando na sala de armas rodeado dos seus cavaleiros, ele dispunha tudo para sair a campo. Pelas escadas dos paços viam-se descer e subir os pajens levando peças de armaduras lisas e polidas, outros arrastando os pesados saios e cervilheiras de camalho, tecidos de grossa malha de ferro, para se distribuírem pelos homens de armas de soldo e pelos cavaleiros peões. A signa real da bela infanta se plantara diante das barreiras; os balções variegados dos cavaleiros de solar e linhagem enfileiravam-se já após essa bandeira para um e para outro lado; e os atambores ou timbales mouriscos, adoptados entre os cristãos, começavam a soar pelo burgo convocando a gente de guerra em volta de seus pendões. Os rostos dos duros homens de armas de Galiza, Aragão e Castela, ferozmente alegres, sorriam com a esperança da festa de sangue que nesse mesmo dia porventura os aguardava.

No meio, porém, do nitrir dos cavalos, do redemoinhar do pó, do lampejar dos capelos ou elmos brunidos, do vozear dos cabos das quadrilhas, um som agudo e prolongado de buzina sobrelevou por cima de todo esse ruído.

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pág. 121 (Capítulo 12)

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Capa do livro O Bobo
Páginas: 191
Página atual: 121

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Introdução 1
II - Dom Bibas 8
III - O Sarau 18
IV - Receios e esperanças 27
V - A madrugada 38
VI - Como de um homenzinho se faz um homenzarão 45
VII - O homem do zorame 59
VIII - Reconciliação 66
IX - O desafio 80
X - Generosidade 90
XI - O subterrãneo 97
XII - A mensagem 110
XIII - A boa corda de cânave de quatro ramais 123
XIV - Amor e vingança 141
XV - Conclusão 157
Apêndice 173