de espesso véu
Alguma nuvem a ela,
Ou era que já vendado
Me levava o negro fado
Onde a vida me perdeu?
Fui; meu rosto macerado,
A funda melancolia
Que todo o meu ser revia,
Qual o ataúde levado
A egípcio festim, dizia:
- Como vós fui eu também;
Folgai, que a morte aí vem!
- Dizia-o, sim, meu semblante,
Que, onde eu chegava, o prazer
Cessava no mesmo instante;
E o lábio que ia a dizer
Doçuras de amor, gelava;
E o riso que ia a nascer
Na face linda, expirava.
Era eu - e a morte em mim,
Que só ela espanta assim!
Quantas mulheres tão belas
Ébrias de amor e desejos,
Quantas vi saltar-lhe os beijos
Da boca ardente e lasciva!
E eu, que ia chegar-me a elas...
Para logo a fronte esquiva
De recatos se envolvia
E, toda pudor, tremia.