Quantas o seio anelante,
Nu, ardente e palpitante
Andavam como entregando
À cobiça mal desperta,
Gasta já e desdenhosa,
Dos que as estavam mirando
Com vaga luneta incerta
Que diz: - «Aquela é formosa,
Não se me dava de a ter.
E esta? É só baronesa,
Vale menos que a duquesa:
Não sei a qual atender.»
E a isto chamam prazer!
A grande ventura é esta?
Vale a pena vir à festa
E vale a pena viver.
Como então quis à tristura
Do meu viver isolado!
Fique-se embora a ventura,
Que eu quero ser desgraçado.
Levantei alto a cabeça,
Senti-me crescer - e a frente
Desanuviar-se contente
Do feio negrume espesso
Que assustava aquela gente.
Logo os sorrisos caíam
Para o meu lado também;
Já como um dos seus me viam,
Que em mim não viam ninguém.