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Capítulo 6: Capítulo 6

Página 27

E nós já vamos por entre os ricos vinhedos que o circundam com uma zona de verdura e alegria. Depressa o ramo de ouro que me abra ao pensamento as portas fatais! depressa a untuosa sopetarra com que hei-de atirar às três gargantas do canzarrão! Vamos...

Mas em que distrito daquelas regiões acharei eu o primeiro- ministro de el-rei D. José? Por onde está Ixion e Tântalo, por onde demora Sísifo e outros maganões que tais? Não; esse é um bairro muito triste, e arrisca-se a ter por administrador algum escandecido que me atice as orelhas.

Nos Elíseos com o pai Anquises e outros barbaças clássicos do mesmo jaez? Eu sei? Também isso não. Há-de ser naquelas ilhas bem- aventuradas de que fala o poeta Alceu e onde ele pôs a passear, por eternas verduras, as almas tiranicidas de Harmódio e Aristógiton...

Oh! esta agora!... Sebastião José de Carvalho e Melo, conde de Oeiras, marquês de Pombal, de companhia com os seus inimigos políticos!... Aí é que se enganam; não há amigos nem inimigos políticos em se largando o mando e as pretensões a ele. Ora, passados os umbrais da eternidade, é de fé que se não pensa mais nisso. C.

J. X., que morreu a assinar uma portaria, já tinha largado a pena quando chegou ali pelos Prazeres1; quanto mais!...

O homem há-de estar nas ilhas Beatas. Vamos lá...

E ei-lo ali: lá está o bom do marquês a jogar o whist com o barão de Bidefeld, com o imperador Leopoldo e com o poeta Dinis. A partida deve de ser interessante, talvez aposta essa gente toda — esses manes todos que estão à roda. Que cara que fez o marquês a um finadinho que lhe foi meter o nariz nas cartas! Quem havia de ser! O intrometido de M. de Talleyrand. Estava-lhe caindo. Mas não viu nada: o nobre marquês sempre soube esconder o seu jogo.

A mim é que ele já me viu. — «Que diz? Ah!... Sim senhor, sou português; e venho fazer uma pergunta a V. Ex.a, esclarecer-me sobre um ponto importante.»

Deitou-me a tremenda luneta.

— «Para que mandou V. Ex.a arrancar as vinhas do Ribatejo?»

Apertou a luneta no sobrolho e sorriu-se.

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Capa do livro Viagens na minha terra
Páginas: 41
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Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 7
Capítulo 3 11
Capítulo 4 15
Capítulo 5 19
Capítulo 6 23
Capítulo 7 29
Capítulo 8 34
Capítulo 9 37