Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 16: Capítulo 16

Página 109

– Ámen – acrescentou o ferrador. – Então que arranjo é este de casa? Que breca de tarimba é esta?! Quer-se aqui uma cama de gente, e alguma coisa em que um cristão se possa sentar.

– Isto assim está excelente.

– Bem vejo… E de barriga? Como vamos nós de trincadeira?

– Ainda tenho dinheiro, meu amigo.

– Há-de ter muito, não tem dúvida: mas eu tenho mais, e vossa senhoria tem ordem franca. Veja lá esse papel.

Simão leu uma carta de D. Rita Preciosa, escrita ao ferrador, em que o autorizava a socorrer seu filho com as necessárias despesas, prontificando-se a pagar todas as ordens que lhe fossem apresentadas com a sua assinatura.

– É justo – disse Simão, restituindo a carta –, porque eu devo ter uma legítima.

– Então já vê que não tem mais que pedir por boca. Eu vou comprar-lhe arranjos…

– Abra-me o seu nobre coração para outro serviço mais valioso – atalhou o preso.

– Diga lá, fidalgo. Simão pediu-lhe a entrega de uma carta em Monchique a Teresa de Albuquerque.

– O Berzabum parece-me que as arma! – disse o ferrador. – Venha de lá a carta. O pai dela está cá. Já sabia?

– Não.

– Pois está; e, se o Diabo o traz à minha beira, não sei se lhe darei com a cabeça numa esquina. Já me lembrou de o esperar no caminho e pendurá-lo pelo gasnete no galho dum sobreiro… A carta tem resposta?

– Se lha derem, meu bom amigo.

Chegou o ferrador a Monchique, a tempo que um oficial de justiça, dois médicos e Tadeu de Albuquerque entravam no pátio do convento.

Falou o aguazil à prelada, exigindo, em nome do juiz de fora, que dois médicos entrassem no convento a examinar a doente

D. Teresa Clementina de Albuquerque, a requerimento de seu pai.

Perguntou a prelada aos médicos se eles tinham a necessária licença eclesiástica para entrarem em Monchique. À resposta negativa redarguiu a abadessa que as portas do convento não se abriam. Disseram os médicos a Tadeu de Albuquerque que era aquele o estilo dos mosteiros, e não houve que redarguir à rigorosa prelada.

Saíram, e o ferrador só então reflectiu no modo de entregar a carta.

<< Página Anterior

pág. 109 (Capítulo 16)

Página Seguinte >>

Capa do livro Amor de Perdição
Páginas: 145
Página atual: 109

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 3
Capítulo 3 10
Capítulo 4 16
Capítulo 5 23
Capítulo 6 29
Capítulo 7 36
Capítulo 8 45
Capítulo 9 55
Capítulo 10 64
Capítulo 11 70
Capítulo 12 81
Capítulo 13 87
Capítulo 14 94
Capítulo 15 101
Capítulo 16 107
Capítulo 17 113
Capítulo 18 119
Capítulo 19 123
Capítulo 20 128
Capítulo 21 133
Capítulo 22 139