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Capítulo 16: Capítulo 16

Página 110
A primeira ideia pareceu-lhe a melhor. Chegou ao ralo, e disse:

– Ó senhora freira!

– Que quer vossemecê? – disse a prelada.

– A senhora faz favor de dizer à senhora D. Teresinha de Viseu que está aqui o pai daquela rapariga da aldeia, que ela sabe?

– E quem é vossemecê?

– Sou o pai da tal rapariga que ela sabe.

– Já sei! – exclamou de dentro a voz de Teresa, correndo ao locutório. A prelada retirou-se a um lado, e disse:

– Vê lá o que fazes, minha filha…

– A sua filha escreveu-me? – disse Teresa a João da Cruz.

– Sim, senhora, aqui está a carta.

E depositou na roda a carta, em que a abadessa reparou, e disse, sorrindo:

– Muito engenhoso é o amor, Teresinha… Permita Deus que as notícias da rapariga da aldeia te alegrem o coração; mas olha, filhinha, não cuides que a tua velha tia é menos esperta que o pai da rapariga da aldeia.

Teresa respondeu com beijos às jovialidades carinhosas da santa senhora, e sumiu-se a ler a carta, e a responder-lhe. Entregando a resposta, disse ela ao ferrador:

– Não vê aí sentada naquela escadinha uma pobre?

– Vejo, sim, senhora, e conheço-a. Como diabo veio para aqui esta mulher? Cuidei que, depois da esfrega que lhe deu o hortelão, a pobrezita não tinha pernas que a cá trouxessem! A mulher pelos modos tem fibras daquela casta!

– Fale baixo – tornou Teresa. – Pois olhe… quando trouxer as cartas, entregue-lhas a ela, sim? Eu já a mandei à cadeia: mas não a deixaram lá entrar.

– Bem está, e o arranjo não é mau assim. Fique com Deus, menina.

Esta boa nova alegrou Simão. A providência divina apiedara-se dele naquele dia. O restaurar-se o juízo de Mariana e a possibilidade de corresponder-se com Teresa eram as máximas alegrias que podiam baixar do Céu ao seu cerrado infortúnio.

Exaltara-se Simão em graças a Deus, na presença de João da Cruz, que arrumava no quarto uns móveis que comprara em segunda mão, quando este, suspendendo o trabalho, exclamou:

– Então vou-lhe dizer outra coisa, que não tinha tenção de dizer, para o apanhar de súpeto.

– Que é?

– A minha Mariana veio comigo, e ficou na estalagem, porque não se podia bulir com dores; mas amanhã ela cá está para lhe fazer a cozinha e varrer a casa.

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Capa do livro Amor de Perdição
Páginas: 145
Página atual: 110

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 3
Capítulo 3 10
Capítulo 4 16
Capítulo 5 23
Capítulo 6 29
Capítulo 7 36
Capítulo 8 45
Capítulo 9 55
Capítulo 10 64
Capítulo 11 70
Capítulo 12 81
Capítulo 13 87
Capítulo 14 94
Capítulo 15 101
Capítulo 16 107
Capítulo 17 113
Capítulo 18 119
Capítulo 19 123
Capítulo 20 128
Capítulo 21 133
Capítulo 22 139