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Capítulo 17: Capítulo 17

Página 115
Quiséramos absolvê-lo e restituí-lo à sua família; mas tanto é impossível. Simão matou e confessa soberbamente que matou. Não consente mesmo que se diga que em defesa o fez. É um doido desgraçado com sentimentos nobilíssimos! Chovem cartas de empenho a favor do Albuquerque. Pedem a cabeça do pobre rapaz com uma sem-cerimónia que indigna o ânimo.

– E essa menina que foi a causa da desgraça? – perguntou Manuel.

– Isso é uma heroína! – respondeu o corregedor do crime. – Davam-na já por morta quando Simão chegou aqui. Desde que soube das probabilidades da comutação da pena, deu um pontapé na morte, e está salva, segundo me disse o médico.

– Conhece-a muito bem, minha senhora? – disse o desembargador à dama, suposta irmã de Manuel.

– Muito bem – respondeu ela, relanceando os olhos ao amante.

– Dizem que é formosíssima!

– Decerto – acudiu Manuel – é formosíssima!

– Muito bem – disse o corregedor, erguendo-se. – Leve este abraço ao pai, e diga-lhe que o condiscípulo cá está, leal e dedicado como sempre. Eu tenho de lhe escrever brevemente.

– E outro abraço a sua virtuosa mãe – acrescentou o desembargador.

– Vou desconfiado! – disse o Mosqueira ao colega. – Manuel Botelho tinha, há coisa de um ano, fugido para Espanha com uma senhora casada. Aquela mulher que vimos não é irmã dele.

– Pois, se nos mentiu, é patife, por nos obrigar a cortejar uma concubina!… Eu me informarei… – disse o corregedor, ofendido no seu austero pundonor.

E no próximo correio, escrevendo a Domingos Botelho, dizia no período final: «Tive o gosto de conhecer o teu filho Manuel, e uma de tuas filhas; por ele te mandei um abraço, e por ela te mandaria outro, se fosse moda ensinarem velhos a meninas bonitas como se dão os abraços nos pais.»

Estava já Manuel em casa, e cuidava em trastejar uma modesta casa para a açoriana, auxiliado por sua bondosa e indulgente mãe. Domingos Botelho fora informado da vinda, e dissera que não queria ver o filho, avisando-o de que era considerado desertor de cavalaria seis desde que abandonara os estudos, onde estava com licença.

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Capa do livro Amor de Perdição
Páginas: 145
Página atual: 115

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 3
Capítulo 3 10
Capítulo 4 16
Capítulo 5 23
Capítulo 6 29
Capítulo 7 36
Capítulo 8 45
Capítulo 9 55
Capítulo 10 64
Capítulo 11 70
Capítulo 12 81
Capítulo 13 87
Capítulo 14 94
Capítulo 15 101
Capítulo 16 107
Capítulo 17 113
Capítulo 18 119
Capítulo 19 123
Capítulo 20 128
Capítulo 21 133
Capítulo 22 139