Simão deixou cair a carta, e sentou-se prostrado de ânimo. Mariana correu a levantar a carta, e ele, tomando-lhe a mão, murmurou:
– Pobre amigo!… Choremo-lo ambos… choremo-lo, Mariana, que o amávamos como filhos…
– Pois, morreu? – bradou ela.
– Morreu… mataram-no!…
A moça expediu um grito estrídulo, e foi com o rosto contra o ferro das grades. Simão inclinou-a para o seio, e disse-lhe com muita ternura e veemência:
– Mariana, lembre-se que é o meu amparo. Lembre-se de que as últimas palavras de seu pai deviam ser recomendar-lhe o desgraçado que recebe das suas mãos benfeitoras o pão da vida. Mariana, minha querida irmã, vença a dor que pode matá-la, e vença-a por amor de mim. Ouve-me, amiga da minha alma?
Mariana exclamou:
– Deixe-me chorar, por caridade!… Ai! meu Deus, se eu torno a endoidecer!
– Que seria de mim! – atalhou Simão – A quem deixaria Mariana o seu nobre coração para me suavizar este martírio? Quem me levaria ao desterro uma palavra amiga que me animasse a crer em Deus! Não há-de enlouquecer, Mariana, porque eu sei que me estima, que me ama e que afrontará com coragem a maior desgraça que ainda pode sugerir-me o Inferno! Chore, minha irmã, chore; mas veja-me através das suas lágrimas!