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Capítulo 6: Capítulo 6

Página 31

Simão, quando isto ouvia, tinha os olhos fitos num vulto, que se aproximava dele, rente com o muro do quintal. O arrieiro, que primeiro o vira, dera um sinal, e entalara as rédeas do cavalo entre umas pedras, para ficar desembaraçado, se o estudante se não pudesse haver com o inimigo.

Simão Botelho não se moveu do local, e Baltasar Coutinho parou na distância de seis passos. O arrieiro tinha lentamente avançado a meio caminho do patrão, quando este lhe disse que não se aproximasse. E, caminhando para o vulto, aperrou duas pistolas, e disse-lhe:

– Isto aqui não é caminho. Que quer?

O fidalgo não respondeu.

– Parece-me que lhe abro a boca com uma bala! – tornou Simão.

– Que lhe importa ao senhor quem está?! – disse Baltasar – Se eu tiver um segredo, como o senhor parece que tem o seu nestes sítios, sou obrigado a confessar-lho!?

Simão reflectiu, e replicou:

– Este muro pertence a uma casa onde mora uma só família, e uma só mulher.

– Estão nesta casa mais de quarenta mulheres esta noite – redarguiu o primo de Teresa. – Se o cavalheiro espera uma, eu posso esperar outra.

– Quem é o senhor? – tornou com arrogância o filho do corregedor.

– Não conheço a pessoa que me interroga, nem quero conhecer. Fiquemos cada um com o nosso incógnito. Boas noites. Baltasar Coutinho retrocedeu, dizendo entre si: «Que partido tem uma espada contra dois homens e duas pistolas?» Simão Botelho cavalgou, e partiu para casa do hospitaleiro ferrador.

O sobrinho de Tadeu de Albuquerque entrou na sala sem denunciar levemente alteração de ânimo. Viu que Teresa o observava de revés, e soube dissimular de modo que a sossegou. A pobre menina, ansiosa por se ver sozinha, viu com prazer erguer-se para sair a primeira família, que deu rebate às outras, menos ao de Castro Daire e suas irmãs, que ficaram hospedados em casa de seu tio, com tenção de se demorarem oito dias em Viseu.

Velou Teresa o restante da noite, escrevendo a Simão a longa história dos seus terrores, e pedindo-lhe perdão de o ela não ter advertido do baile, por ficar doida de alegria com a sua vinda. No tocante ao plano de se encontrarem na seguinte noite não havia alteração na carta. Isto espantou o académico. A seu ver, o vulto era Baltasar Coutinho, e o pai de Teresa devia ser avisado naquela mesma noite.

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Capa do livro Amor de Perdição
Páginas: 145
Página atual: 31

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 3
Capítulo 3 10
Capítulo 4 16
Capítulo 5 23
Capítulo 6 29
Capítulo 7 36
Capítulo 8 45
Capítulo 9 55
Capítulo 10 64
Capítulo 11 70
Capítulo 12 81
Capítulo 13 87
Capítulo 14 94
Capítulo 15 101
Capítulo 16 107
Capítulo 17 113
Capítulo 18 119
Capítulo 19 123
Capítulo 20 128
Capítulo 21 133
Capítulo 22 139