Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 6: Capítulo 6

Página 32

Respondeu ele contando a história do incidente com o encapotado; receando, porém, assustar Teresa e privar-se da entrevista, escreveu nova carta, em que não transluzia medo de ser atacado, nem sequer receio de marear-lhe a fama. Quis parecer a Simão Botelho que este era o digno porte de um amante corajoso.

Passou o estudante aquele dia contando as longas horas, e meditando instantes nos funestos resultados que podia ter a sua temerária ida, se Baltasar Coutinho era aquele homem que reservara para melhor relance a vingança da provocação insolente. Mas, de si para si, tinha ele que pensar em tal era mais covardia que prudência.

O ferrador tinha uma filha, moça de vinte e quatro anos, formas bonitas, um rosto belo e triste. Notou Simão os reparos em que ela se demorava a contemplá-lo, e perguntou-lhe a causa daquele olhar melancólico com que ela o fitava. Mariana corou, abriu um sorriso triste, e respondeu:

– Não sei o que me adivinha o coração a respeito de Vossa Senhoria. Alguma desgraça está para lhe suceder…

– A menina não dizia isso – replicou Simão – sem saber alguma coisa da minha vida.

– Alguma coisa sei… – tornou ela.

– Ouviu contar ao arrieiro?

– Não, senhor. É que meu pai conhece o paizinho de Vossa Senhoria, e também conhece o senhor. E há bocadinho que eu ouvi estar meu pai a dizer a meu tio, que é o arrieiro que veio com Vossa Senhoria, que tinha suas razões para saber que alguma desgraça lhe estava para acontecer…

– Porquê?

– Por amor duma fidalga de Viseu, que tem um primo em Castro Daire.

Simão espantou-se da publicidade do seu segredo, e ia colher pormenores do que ele julgava mistério entre duas famílias, quando o mestre ferrador João da Cruz entrou no sobrado, onde o precedente diálogo se passara. A moça, como ouvisse os passos do pai, saíra lestamente por outra porta.

– Com sua licença – disse mestre João.

Dizendo, fechou por dentro ambas as portas, e sentou-se sobre uma arca.

<< Página Anterior

pág. 32 (Capítulo 6)

Página Seguinte >>

Capa do livro Amor de Perdição
Páginas: 145
Página atual: 32

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 3
Capítulo 3 10
Capítulo 4 16
Capítulo 5 23
Capítulo 6 29
Capítulo 7 36
Capítulo 8 45
Capítulo 9 55
Capítulo 10 64
Capítulo 11 70
Capítulo 12 81
Capítulo 13 87
Capítulo 14 94
Capítulo 15 101
Capítulo 16 107
Capítulo 17 113
Capítulo 18 119
Capítulo 19 123
Capítulo 20 128
Capítulo 21 133
Capítulo 22 139