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Capítulo 8: Capítulo 8

Página 53

– O que quiser, menina. Eu mando lá logo que for dia. Esteja descansada. Não se fie de alguém, senão de mim. Olhe que a mestra de noviças e a organista são duas falsas. Não lhes dê trela, que, se as admite à sua confiança, está perdida. Aí vem a lesma… Fale-mos noutra coisa…

A prelada vinha entrando, e a escrivã prosseguiu assim:

– Não há, não há nada mais agradável que a vida do convento, quando se tem a fortuna de ter uma prelada como a nossa… Ai! eras tu, menina? Olha se estivéssemos a falar mal de ti!

– Eu sei que tu nunca falas mal de mim – disse a prelada, piscando o olho a Teresa. – Aí está essa menina que diga o que eu lhe estive a dizer das tuas boas qualidades…

– Pois o que eu disse de ti – respondeu sóror Dionísia da Imaculada Conceição – não precisas de perguntar, porque felizmente ouviste o que eu estava dizendo. Oxalá que se pudesse dizer o mesmo das outras que desonram a casa, e trazem aqui tudo intrigado numa meada, que é mesmo coisa de pecado!

– Então não vais ao coro, Nini? – tornou a prioresa.

– Já agora é tarde… Tu absolves-me da falta, sim?

– Absolvo, absolvo; mas dou-te como penitência beberes um copinho…

– Do estomacal?

– Pudera!… Dionísia cumpriu a penitência, e saiu para, dizia ela, deixar a prelada na sua hora de oração.

Não delongaremos esta amostra do evangélico e exemplar viver do convento onde Tadeu de Albuquerque mandara sua filha a respirar o puríssimo ar dos anjos, enquanto se lhe preparava crisol mais depurador dos sedimentos do vício no convento de Monchique.

Encheu-se o coração de Teresa de amargura e nojo naquelas duas horas de vida conventual. Ignorava ela que o mundo tinha daquilo. Ouvira falar dos mosteiros como de um refúgio da virtude, da inocência e das esperanças imorredoiras. Algumas cartas lera de sua tia, prelada em Monchique, e por elas formara conceito do que devia ser uma santa. Daquelas mesmas dominicanas, em cuja casa estava, ouvira dizer às velhas e devotas fidalgas de Viseu virtudes, maravilhas de caridade, e até milagres. Que desilusão tão triste e, ao mesmo tempo, que ânsia de fugir dali!

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Capa do livro Amor de Perdição
Páginas: 145
Página atual: 53

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 3
Capítulo 3 10
Capítulo 4 16
Capítulo 5 23
Capítulo 6 29
Capítulo 7 36
Capítulo 8 45
Capítulo 9 55
Capítulo 10 64
Capítulo 11 70
Capítulo 12 81
Capítulo 13 87
Capítulo 14 94
Capítulo 15 101
Capítulo 16 107
Capítulo 17 113
Capítulo 18 119
Capítulo 19 123
Capítulo 20 128
Capítulo 21 133
Capítulo 22 139