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Capítulo 4: CAPÍTULO IV

Página 103
do casamento!

E à noite, fatigado como um procurador zeloso, tinha ainda de escutar com as expansões felizes de Jorge, que passeava pelo quarto até ás duas horas da noite, em mangas de camisa, namorado, loquaz, brandindo o cachimbo!

Depois do casamento Sebastião sentiu-se muito só. Foi a Portel visitar um Velho esquisito, com um olhar de doido, que passava a existência combinando enxertos no pomar, e lendo, relendo o Eurico. Quando voltou, passado um mês, Jorge disse-lhe radioso:

- E sabes, hem? Isto agora é que é a tua casa! Aqui é que tu vives!

Mas nunca obteve de Sebastião que fosse a sua casa com uma inteira intimidade. Sebastião batia à porta, timidamente. Corava diante de Luísa; o antigo "Peludo" de Latim reaparecia. Jorge lutara para que ele cruzasse sem cerimônia as pernas, fumasse cachimbo diante dela, não lhe dissesse a todo o momento: - "Vossa Excelência" - meio erguido na cadeira.

Nunca vinha jantar senão arrastado. Quando Jorge não estava, as suas visitas eram curtas, cheias de silêncio. Julgava-se gebo, tinha medo de maçar.

Nessa tarde, quando ele foi para a sala de jantar, a tia Joana veio-lhe perguntar pela Luisinha.

Adorava-a, achava-a um anjinho, uma açucena.

- Como está ela? Viu-a?

Sebastião corou; não quis dizer, como na véspera, que estava gente, que não tinha entrado; e abaixando-se, pondo-se a brincar com as orelhas do Trajano, o seu velho perdigueiro:

- Está boa, tia Joana, está boa. Então como há de estar? Está ótima!

Àquela hora Luísa recebia uma carta de Jorge. Era de Portel, com muitas queixas sobre o calor, sobre as más estalagens, histórias sobre o extraordinário parente de Sebastião - saudades e mil beijos...

Não a esperava, e aquela folha de papel cheia de uma letra miudinha, que lhe fazia reaparecer vivamente Jorge, a sua figura, o seu olhar, a sua ternura, deu-lhe uma sensação quase dolorosa.

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Capa do livro O Primo Basílio
Páginas: 414
Página atual: 103

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I 1
CAPÍTULO II 24
CAPÍTULO III 45
CAPÍTULO IV 70
CAPÍTULO V 121
CAPÍTULO VI 154
CAPÍTULO VII 191
CAPÍTULO VIII 213
CAPÍTULO IX 251
CAPÍTULO X 273
CAPÍTULO XI 293
CAPÍTULO XII 327
CAPÍTULO XIII 346
CAPÍTULO XIV 366
CAPÍTULO XV 387
CAPÍTULO XVI 400
"O PRIMO BASÍLIO" (CARTA A TEÓFILO BRAGA) 411