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Capítulo 5: CAPÍTULO V

Página 139
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Mas então, de repente, emudecia interiormente. Lembravam-lhe os olhares de Basílio, as suas palavras exaltadas, aqueles beijos, o passeio ao Lumiar. A sua alma corava baixo, mas o seu despeito seguia declamando alto: - decerto, havia um sentimento, mas era honesto, ideal, todo platônico!... Nunca seria outra coisa! Podia ter lá dentro, no fundo, uma fraqueza... Mas seria sempre uma mulher de bem, fiel, só de um!...

E esta certeza irritava-a então contra os palratórios da rua! Que de resto era lá possível, que só por verem entrar Basílio, quatro ou cinco vezes, às duas horas da tarde, começassem logo a murmurar, a cortar na pele?... Sebastião era um caturra, com terrores de ermitão! E que idéia, ir consultar Julião! Julião! Era ele, decerto, que o instigara a vir pregar, assustá-la, humilhá-la!... Por quê? Azedume, inveja! Porque Basílio tinha beleza, toalete, maneiras, dinheiro!... Se tinha!

As qualidades de Basílio apareciam-lhe então magníficas e abundantes como os atributos de um deus. E estava apaixonado por ela! E queria vir viver junto dela! O amor daquele homem, que tinha esgotado tantas sensações, abandonado decerto tantas mulheres, parecia-lhe como a afirmação gloriosa da sua beleza e a irresistibilidade da sua sedução.

A alegria que lhe dava aquele culto trazia-lhe o receio de o perder. Não o queria ver diminuído; queria-o sempre presente, crescendo, balouçando sem cessar diante dela, o murmúrio lânguido das ternuras humildes! Podia lá separar-se de Basílio! Mas se a vizinhança, as relações começavam a comentar, a cochichar... Jorge podia saber!... Aquela suposição o coração arrefecia-lhe... - Sebastião tinha razão, no fundo, era evidente!

Numa rua pequena, com doze casas, vir todos os dias, aquele lindo rapaz, e, agora que seu marido não estava.

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pág. 139 (Capítulo 5)

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Capa do livro O Primo Basílio
Páginas: 414
Página atual: 139

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I 1
CAPÍTULO II 24
CAPÍTULO III 45
CAPÍTULO IV 70
CAPÍTULO V 121
CAPÍTULO VI 154
CAPÍTULO VII 191
CAPÍTULO VIII 213
CAPÍTULO IX 251
CAPÍTULO X 273
CAPÍTULO XI 293
CAPÍTULO XII 327
CAPÍTULO XIII 346
CAPÍTULO XIV 366
CAPÍTULO XV 387
CAPÍTULO XVI 400
"O PRIMO BASÍLIO" (CARTA A TEÓFILO BRAGA) 411