Falta de purgas!
- Vamos para o quarto! - disse logo Luísa. - Estamos melhor no quarto.
Ao erguer-se, as pernas tremiam-lhe.
Atravessaram a sala; Juliana começava a arrumar. Luísa ao passar, viu na pedra da consola, debaixo do espelho oval, uma pouca de cinza; era da véspera, do charuto dele! Sacudiu-a - e ao erguer os olhos, ficou pasmada de se ver tão pálida.
A costureira vestida de preto, com um chapéu de fitas roxas, esperava sentada à beira da causeuse, com um olhar infeliz e o seu embrulho nos joelhos; vinha provar o corpete de um vestido composto; assentou, pregou, alinhavou, falando baixo, com uma humildade triste e uma tossinha seca; e apenas ela saiu, leve, com o seu andar de sombra, o xale tinto muito cingido às omoplatas magras - D. Felicidade começou logo a falar dele, do Conselheiro. Tinha-o encontrado no Moinho de Vento. Pois, senhores, nem lhe viera falar! Fizera-lhe uma cortesia muito seca, por demais, e tique-taque por ali fora, que se diria que ia fugido! Que te parece? Ai! Aquelas indiferenças matavam-na. E não as compreendia, não realmente não as compreendia...
- Porque enfim - exclamava - eu bem me conheço, não sou nenhuma criança, mas também não sou nenhum caco! Pois não é verdade?
- Certamente - disse Luísa distraída. Lembrava-lhe a carta.
- Olha que aqui onde me vês com os meus quarenta, decotada, ainda valho. O que são ombros e colo é do melhor!
- Luísa ia erguer-se. Mas D. Felicidade repetiu:
- Do melhor! Tomaram-no muitas novas!
- Creio bem - concordou Luísa, sorrindo vagamente.
- E ele também não é nenhum rapazinho novo...
- Não...
- Mas muito bem conservado! - E os olhos luziam-lhe. uma mulher muito feliz!
- Muito...
- Um homem de apetecer! - suspirou D.