O Primo Basílio - Cap. 6: CAPÍTULO VI Pág. 162 / 414

Felicidade. E Luísa então:

- Tu esperas um instantinho? Vou lá dentro e volto já.

- Vai, filha, vai.

Luísa correu ao escritório, direita ao sarcófago. Estava vazio! E a carta dela, Santo Deus?

Chamou logo Juliana, aterrada.

- Você despejou o caixão dos papéis?

- Despejei, sim, minha senhora - respondeu muito tranquilamente.

E com interesse:

- Por quê, perdeu-se algum papel?

Luísa fazia-se pálida.

- Foi um papel que eu atirei para o caixão. Onde o despejou você?

- No barril do lixo, como é costume, minha senhora; imaginei que nada servia...

- Ah! Deixe ver!

Subiu rapidamente à cozinha. Juliana atrás, ia dizendo:

- Ora esta! Pois ainda não há cinco minutos! O caixão estava mais cheio... Andei a dar uma arrumadela no escritório... Valha-me Deus, se a senhora tem dito...

Mas o barril do lixo estava vazio, Joana tinha-o ido despejar abaixo naquele instantinho; e vendo a inquietação de Luísa:

- Por quê, perdeu-se alguma coisa?

- Um papel - disse Luísa, que olhava em redor, pelo chão, muito branca.

- Iam uns poucos de papéis, minha senhora - disse a rapariga -, eu deitei tudo ao despejo.

- Podia ter ficado algum caído por fora, Sra. Joana - lembrou timidamente Juliana.

- Vá ver, vá ver, Joana - acudiu Luísa com uma esperança.

Juliana parecia aflita:

- Jesus, senhor! Eu podia lá adivinhar! Mas para que não disse a senhora?...

- Bem, bem, a culpa não é sua, mulher...

- Credo, que até se me está a embrulhar o estômago... E é coisa de importância, minha senhora?

- Não, é uma conta...

- Valha-me Deus!...

Joana voltou, sacudindo um papel enxovalhado. Luísa agarrou-o, leu:-".. o diâmetro do primeiro poço de exploração..."

- Não, não é isto! - exclamou toda contrariada.





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