O Primo Basílio - Cap. 6: CAPÍTULO VI Pág. 187 / 414

E Luísa começou a desconfiar que Basílio não a estimava, apenas a desejava!

Ao princípio chorou. Resolveu explicar-se com ele, romper se fosse necessário. Mas adiou, não se atrevia: a figura de Basílio, a sua voz, o seu olhar dominavam-na; e acendendo-lhe a paixão tiravam-lhe a coragem de a perturbar com queixas. Porque estava convencida então que o adorava; o que lhe dava tanta exaltação no desejo, se não era a grandeza do sentimento?... Gozava tanto, o amava muito!... E a sua honestidade natural, os seus pudores refugiavam-se neste raciocínio sutil.

Ele tinha às vezes uma secura áspera de maneiras, era verdade; certos tons de indiferença, era certo... Mas noutros momentos, quantas denguices, que tremuras na voz, que frenesi nas carícias!... Amava-a também, não havia dúvida. Aquela certeza era a sua justificação. E como era o amor que os produzia, não se envergonhava dos alvoroços voluptuosos com que ia todas as manhãs ao Paraíso!

Duas ou três vezes, ao voltar, tinha encontrado Juliana que subia também apressada o Moinho de Vento.

- De onde vinha você? - perguntara-lhe em casa.

- Do médico, minha senhora, fui ao médico.

Queixava-se de pontadas, palpitações, faltas de ar.

- Flatos! Flatos!

Com efeito, Juliana agora fazia todos os arranjos pela manhã; depois apenas Luísa, pela uma hora, dobrava a esquina, ia-se vestir, e muito espartilhada no seu vestido de merino, de chapéu e sombrinha, vinha dizer a Joana:

- Até logo, vou ao médico.

- Até logo, Sra. Juliana - dizia a cozinheira radiante.

E ia logo fazer sinal ao carpinteiro.

Juliana descia por São Pedro de Alcântara, e tomando para o Largo do Carmo ia à ruazita, defronte do quartel. Ali morava num terceiro andar a sua íntima amiga, a tia Vitória.





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