Nunca mais! - Rompeu a chorar, de bruços sobre a cama...
Mas a voz de Juliana falou alto no corredor com Joana. Ergueu-se aterrada. Viria ter com ela, aquela infame? Os passos achinelados afastaram-se devagar, e Joana entrou com o rol e com a lamparina.
- A Sra. Juliana - disse - levantou-se um momento, mas diz que ainda está mal, coitada. Foi-se deitar. A senhora não precisa mais nada?
- Não - disse da alcova.
Despiu-se; e, prostrada, adormeceu profundamente.
Juliana em cima não dormia. A dor passara-lhe - e agitava-se sobre o enxergão, "com o diabo da espertina"! Como tantas outras noites, nas últimas semanas. Porque desde que apanhara a carta no sarcófago vivia numa febre; mas a alegria era tão aguda, a esperança tão larga que a sustentavam, lhe davam saúde! Deus enfim tinha-se lembrado dela! Desde que Basílio começara a vir a casa, tivera logo um palpite, uma coisa que lhe dizia que tinha chegado enfim a sua vez! A primeira satisfação fora naquela noite em que achara, depois de Basílio sair às dez horas, a travessinha de Luísa caída ao pé do sofá. Mas que explosão de felicidade, quando, depois de tanta espionagem, de tanta canseira, apanhou enfim a carta no sarcófago! Correu ao sótão, leu-a avidamente, e quando viu a importância da "coisa" arrasaram-se-lhe os olhos de lágrimas; arremessou a sua alma perversa para as alturas, bradando em si, num triunfo:
- Bendito seja Deus! Bendito seja Deus!
E que havia de fazer aquilo? - foi então a sua inquietação. Ora pensava em a vender a Luísa por uma forte soma... Mas onde tinha ela o dinheiro? Não; o melhor era esperar a volta de Jorge, e com ameaças de a publicar, extorquir-lhe um ror de libras por meio de outra pessoa, já se vê, e ela à capa! E em certos