O Primo Basílio - Cap. 8: CAPÍTULO VIII Pág. 230 / 414

Mas pelo amor de Deus, não faças outra; não estou para pagar as tuas distrações a trezentos mil réis cada uma!

Luísa fez-se lívida, como se ele lhe tivesse cuspido no rosto.

- Se é uma questão de dinheiro, eu o pagarei, Basílio!

Não sabia como. Que lhe importava! Pediria, trabalharia, empenharia... Não o aceitaria dele!

Basílio encolheu os ombros:

- Estás-te a dar ares; onde o tens tu?

- Que te importa? - exclamou.

Basílio coçou a cabeça, desesperado. E tomando-lhe as mãos, com uma impaciência reprimida:

- Estamos a dizer tolices, filha, estamos a irritar-nos... Tu não tens dinheiro.

Ela interrompeu-o, agarrou-lhe violentamente o braço;

- Pois sim, mas fala tu a essa mulher, fala-lhe tu, arranja tudo. Eu não a quero tornar a ver. Se a vejo, morro, acredita. Fala-lhe tu!

Basílio recuou vivamente, e batendo com o pé:

- Estás doida, mulher! Se eu lhe falo, então pede tudo, então pede-me a pele! Isso é contigo. Eu dou-te o dinheiro, tu arranja-te!

- Nem isso me fazes?

Basílio não se conteve:

- Não! Com os diabos, não!

- Adeus!

- Tu estás fora de ti, Luísa!

- Não. A culpa é minha - dizia, descendo o véu com as mãos trémulas eu é que devo arranjar tudo!

E abriu a porta. Basílio correu a ela, prendeu-a por um braço.

- Luísa, Luísa! O que queres tu fazer? Não podemos romper assim! Escuta...

- Fujamos então, salva-me de todo! - gritou ela, abraçando-o ansiosamente.

- Caramba! Se te estou a dizer que não é possível!

Ela atirou com a porta, desceu as escadas correndo. O cupê esperava-a.

- Para o Rossio - disse.

E deitando-se para o canto da carruagem, rompeu a chorar, convulsivamente.

Basílio saiu do Paraíso muito agitado. As pretensões de Luísa, os seus





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