Mas pelo amor de Deus, não faças outra; não estou para pagar as tuas distrações a trezentos mil réis cada uma!
Luísa fez-se lívida, como se ele lhe tivesse cuspido no rosto.
- Se é uma questão de dinheiro, eu o pagarei, Basílio!
Não sabia como. Que lhe importava! Pediria, trabalharia, empenharia... Não o aceitaria dele!
Basílio encolheu os ombros:
- Estás-te a dar ares; onde o tens tu?
- Que te importa? - exclamou.
Basílio coçou a cabeça, desesperado. E tomando-lhe as mãos, com uma impaciência reprimida:
- Estamos a dizer tolices, filha, estamos a irritar-nos... Tu não tens dinheiro.
Ela interrompeu-o, agarrou-lhe violentamente o braço;
- Pois sim, mas fala tu a essa mulher, fala-lhe tu, arranja tudo. Eu não a quero tornar a ver. Se a vejo, morro, acredita. Fala-lhe tu!
Basílio recuou vivamente, e batendo com o pé:
- Estás doida, mulher! Se eu lhe falo, então pede tudo, então pede-me a pele! Isso é contigo. Eu dou-te o dinheiro, tu arranja-te!
- Nem isso me fazes?
Basílio não se conteve:
- Não! Com os diabos, não!
- Adeus!
- Tu estás fora de ti, Luísa!
- Não. A culpa é minha - dizia, descendo o véu com as mãos trémulas eu é que devo arranjar tudo!
E abriu a porta. Basílio correu a ela, prendeu-a por um braço.
- Luísa, Luísa! O que queres tu fazer? Não podemos romper assim! Escuta...
- Fujamos então, salva-me de todo! - gritou ela, abraçando-o ansiosamente.
- Caramba! Se te estou a dizer que não é possível!
Ela atirou com a porta, desceu as escadas correndo. O cupê esperava-a.
- Para o Rossio - disse.
E deitando-se para o canto da carruagem, rompeu a chorar, convulsivamente.
Basílio saiu do Paraíso muito agitado. As pretensões de Luísa, os seus