O Primo Basílio - Cap. 8: CAPÍTULO VIII Pág. 246 / 414

- E depois de uma pausa, parecendo ter esquecido Jorge, e a carta: - Só em Paris está bem... Estava no ar para partir. - Acrescentou com pancadinhas leves nas pregas do vestido: - Precisava casar, aquele rapaz.

- Para assentar - disse Sebastião.

Mas Luísa não acreditava que um homem que gostava tanto de viagens, de cavalos, de aventuras, pudesse dar um bom marido.

Sebastião era de opinião que às vezes sossegavam, e eram homens de família...

- Têm mais experiência - disse.

- Mas um fundo leviano - observou ela.

E depois destas palavras vagas calaram-se com embaraço.

- Eu, a falar a verdade - disse então Luísa -, estimei que meu primo partisse... Como tinha havido essas tolices na vizinhança... Ultimamente mesmo quase que o não vi. Esteve aí ontem; veio despedir-se, fiquei surpreendida...

Estava tornando impossível a história de um galanteio platônico, cartas trocadas - mas um sentimento mais forte que ela impelia-a a atenuar, distanciar as suas relações com Basílio. Acrescentou mesmo:

- Eu sou amiga dele, mas somos muito diferentes... Basílio é egoísta, pouco afeiçoado... De resto a nossa intimidade nunca foi grande...

Calou-se bruscamente; sentiu que se enterrava.

Sebastião lembrava-se ouvir-lhe dizer que tinham sido criados ambos de pequenos; mas, enfim, aquela maneira de falar do primo, parecia-lhe a prova maior de que não houvera nada. Quase se queria mal pelas dúvidas, que tivera, tão injustas!...

- E volta? - perguntou.

- Não me disse, mas não creio. Em se pilhando em Paris!

E com a idéia da carta, de repente:

- Então Sebastião é o confidente de Jorge?

Ele riu:

- Oh, minha senhora! Pois acredita...

- E a mim quando me escreve, que se aborrece, que está só, que não suporta o Alentejo.





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