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Capítulo 11: CAPÍTULO XI

Página 300
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- Então o Conselheiro quer que eu, um engenheiro, um estudante de Matemática, acredite que há almas que vivem no céu, com asinhas brancas, túnicas azuis, e tocando instrumentos?

O Conselheiro acudiu:

- Não, instrumentos não! - E como apelando para todos: - Não creio que tivesse falado em instrumentos. Os instrumentos são uma exageração. São, podemos dizê-lo, táticas do partido reacionário...

Ia fulminar a doutrina ultramontana - mas a Sra. Filomena colocou-lhe diante a travessa com a perna de vitela assada. Compenetrou-se logo do seu dever, afiou o trinchador com solenidade, foi cortando fatias finas, com a testa muito franzida como na aplicação de uma função grave. Então Julião, pousando os cotovelos sobre a mesa e escabichando os dentes com a unha, perguntou:

- E o ministério, cai ou não cai?

Sebastião ouvira dizer no vapor de Almada, de tarde, que a situação estava firme.

Mas o Saavedra esvaziou o copo, limpou os beiços e declarou que em duas semanas estavam em terra. Nem aquele escândalo podia continuar! Não tinham a mais pequena idéia de governo. Nem a mais leve! Assim, por exemplo, ele... - E meteu as mãos nos bolsos, firmando-se nas costas da cadeira. - Ele tinha-os apoiado, não é verdade? E com lealdade. Porque era leal! Sempre o fora em política! Pois bem, não lhe tinham despachado o primo recebedor de Aljustrel, tendo-lho prometido! E nem lhe tinham dado uma satisfação. Assim não era possível fazer política! Era uma coleção de idiotas!

Jorge alegrava-se que viessem outros; talvez lhe dessem de novo a sua comissão no ministério; e ele o que queria era estar quieto ao seu cantinho...

O Alves Coutinho calava-se, com prudência, engolindo buchas de pão.

- Ou que caiam ou que fiquem - disse Julião -, que venham estes ou que venham aqueles.

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pág. 300 (Capítulo 11)

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Capa do livro O Primo Basílio
Páginas: 414
Página atual: 300

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I 1
CAPÍTULO II 24
CAPÍTULO III 45
CAPÍTULO IV 70
CAPÍTULO V 121
CAPÍTULO VI 154
CAPÍTULO VII 191
CAPÍTULO VIII 213
CAPÍTULO IX 251
CAPÍTULO X 273
CAPÍTULO XI 293
CAPÍTULO XII 327
CAPÍTULO XIII 346
CAPÍTULO XIV 366
CAPÍTULO XV 387
CAPÍTULO XVI 400
"O PRIMO BASÍLIO" (CARTA A TEÓFILO BRAGA) 411