O Primo Basílio - Cap. 2: CAPÍTULO II Pág. 34 / 414

Felicidade.

Juliana pousava sobre a mesa o prato das fatias, os biscoitos de Oeiras, os bolos do Cocó.

- Aqui tem o seu chá fraco, Conselheiro - dizia Luísa. - Sirva-se, Julião. As torradas ao Sr. Julião! Mais açúcar! Quem quer? Uma torrada, Conselheiro?

- Estou amplamente servido, minha prezada senhora - replicou, curvando-se.

E declarou, voltado para Ernestinho, que achava o diálogo opulento.

Mas, perguntaram, o que quer o empresário mais agora? Já tem a sala...

Ernestinho, de pé, excitado, com um bolo de ovos na ponta dos dedos, explicou:

- O que o empresário quer é que o marido lhe perdoe...

Foi um espanto:

- Ora essa! É extraordinário! Por quê?

- Então! - exclamou Ernestinho encolhendo os ombros - diz que o público que não gosta! Que não são coisas cá para o nosso país...

- A falar a verdade - disse o Conselheiro -, a falar a verdade, Sr. Ledesma, o nosso público não é geralmente afeto a cenas de sangue.

- Mas não há sangue, Sr. Conselheiro! - protestava Ernestinho erguendo-se sobre os bicos dos sapatos -, mas não há sangue! É com um tiro! E com um tiro pelas costas, Sr. Conselheiro!

Luísa fez a D. Felicidade - "psiu!" e, num aparte, com um sorriso.

- Desses bolinhos de ovos. São muito frescos.

Ela respondeu, com uma voz lamentosa:

- Ai, filha, não!

E indicou o estômago, compungidamente.

No entanto o Conselheiro aconselhava a Ernestinho a demência; tinha-lhe posto a mão no ombro paternalmente, e com uma voz persuasiva:

- Dá mais alegria à peça, Sr. Ledesma. O espectador sai mais aliviado! Deixe sair o espectador aliviado!

- Mais um bolinho, Conselheiro?

- Estou repleto, minha prezada senhora.

E, então, invocou a opinião de Jorge. Não lhe parecia que o bom Ernesto devia perdoar?

- Eu, Conselheiro? De modo nenhum.





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