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Capítulo 12: CAPÍTULO XII

Página 344
Fiquei!... E estive para não vir - disse, sentando-se, com pancadinhas muito satisfeitas nas pregas do vestido. - Apertar-me depois de jantar! Felizmente não tinha comido quase nada!

Quis então saber o que ia. O Fausto? Ainda bem! De que lado era a frisa? Dezoito. Perdiam a vista da família real, era pena!... Pois estava mais longe daquela noitada de teatro!... - E erguendo-se passeava diante do toucador com olhares de lado, alisando os bandós, ajeitando as pulseiras, entalada nos espartilhos, a pupila luzidia.

Uma carruagem parou à porta.

- O trem! - disse, toda risonha.

Luísa calçando as luvas, já com a capa, olhava em redor: o coração batia-lhe alto; nos seus olhos havia uma febre. Não lhe faltava nada? - perguntou D. Felicidade. A chave da frisa? O lenço?

- Ai! O meu ramo! - exclamou Luísa.

Juliana ficou espantada quando a viu vestida para teatro. Foi alumiar, calada; e atirando a cancela com uma pancada insolente:

- Não tem mesmo vergonha naquela cara! - rosnou.

O trem já rodava quando D. Felicidade rompeu a gritar, batendo nos vidros:

- Ai? - Espere, pare! Que ferro, esqueceu-me o leque! Não posso ir sem leque!

- Pare, cocheiro!

- Faz-se tarde, filha, dou-te o meu. Toma! - fez Luísa impaciente.

Aquelas agitações abalavam a digestão comprimida de D. Felicidade; felizmente, como ela dizia, arrotava! Graças a Deus, louvada seja Nossa Senhora, que podia arrotar!

Mas a descida do Chiado alegrou-a muito. Grupos escuros, onde se gesticulava, destacavam às portas vivamente alumiadas da Casa Havanesa; os trens passavam para o lado do Picadeiro, com um rápido reluzir de lanternas ricas, que alumiavam as bandas brancas dos capotes dos criados. D. Felicidade, com a sua face jubilosa à portinhola, gozava a claridade do gás nas vitrinas, o ar de inverno; e foi com uma satisfação que viu o guarda-portão do Gibraltar, de calções vermelhos, vir com o boné na mão, à portinhola.

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Capa do livro O Primo Basílio
Páginas: 414
Página atual: 344

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I 1
CAPÍTULO II 24
CAPÍTULO III 45
CAPÍTULO IV 70
CAPÍTULO V 121
CAPÍTULO VI 154
CAPÍTULO VII 191
CAPÍTULO VIII 213
CAPÍTULO IX 251
CAPÍTULO X 273
CAPÍTULO XI 293
CAPÍTULO XII 327
CAPÍTULO XIII 346
CAPÍTULO XIV 366
CAPÍTULO XV 387
CAPÍTULO XVI 400
"O PRIMO BASÍLIO" (CARTA A TEÓFILO BRAGA) 411