O Primo Basílio - Cap. 12: CAPÍTULO XII Pág. 343 / 414

Luísa então chamou a rapariga:

- Joana, não procure casa, venha por aqui além de amanhã - disse-lhe baixo.

Juliana em cima cantava a Carta Adorada, com um júbilo estridente.

E daí a pouco desceu, veio dizer, muito secamente, que estava o jantar na mesa.

Luísa não respondeu. Esperou que ela subisse à cozinha, correu à sala de jantar, trouxe pão, um prato de marmelada, uma faca, veio fechar-se no quarto; - e ali jantou, a um canto da jardineira.

Às seis horas um trem parou à porta. Devia ser Sebastião! Foi ela mesma abrir, em bicos de pés. Era ele, animado, vermelho, com o chapéu na mão: trazia-lhe a chave da frisa número dezoito...

- E isto...

Era um ramo de camélias vermelhas, rodeadas de violetas dobradas.

- Oh, Sebastião! - murmurou ela, com um reconhecimento comovido.

- E carruagem, tem?

- Não.

- Eu cá mando. As oito, hem?

E desceu, todo feliz de a servir. Ela seguiu-o com o olhar que se umedecia. Foi à janela do quarto vê-lo sair. - Que homem!" - pensava. E cheirava as violetas, voltava o ramo na mão, sentia também um prazer doce na proteção dele, nos seus cuidados.

Nós de dedos bateram à porta do quarto:

- Então a senhora não quer jantar? - disse a voz impaciente de Juliana, de fora.

- Não.

- Mais fica!

D. Felicidade veio um pouco antes das oito. Luísa ficou tranquila, vendo-a com vestido preto afogado, e o seu adereço de esmeraldas.

- Então que é isto? Que estroinice é esta, vamos a saber? - disse logo, muito alegre, a excelente senhora.

Um capricho! - O Jorge tinha jantado fora, ela sentira-se tão só!... Dera-lhe o apetite de ir ao teatro. Não pudera resistir... Tinham de o ir buscar pelo Hotel Gibraltar.

- Eu tinha acabado de jantar quando recebi o teu bilhete.





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