O Primo Basílio - Cap. 13: CAPÍTULO XIII Pág. 354 / 414

celebrando a alegria das excursões vitoriosas pelos países do vinho, e a posse das bolsas mercenárias cheias de sonoros risdales! E os seus olhos seguiam um barbaças corpulento, que, por cima dos gorros quadrados dos besteiros, balançava monotonamente um largo quadrado de paninho - a bandeira do Santo Império, negra, vermelha e de ouro!

Mas então ergueu-se um rumor no fundo da platéia. Vozes duras altercavam. "Ordem! ordem!" dizia-se. Localistas na superior puseram-se rapidamente em bicos de pés na palhinha das cadeiras. Quatro policias e dois municipais apareceram à porta do fundo; e depois de uma troça, de risadas, foram levando um moço lívido, que cambaleava - e o lado esquerdo do seu jaquetão de pelúcia estava todo vomitado!

Mas fez-se logo silêncio: o pano de fundo oscilava um pouco acotovelado pela saída festiva dos reitres e dos populares; e no palco deserto, tendo à direita um pórtico oscilante de catedral e à esquerda a portinha triste de uma casa burguesa, Valentim, com uma longa pêra, à beira da rampa, beijava sofregamente uma medalha; mas Luísa não o escutava. Pensava com o coração confrangido: que fará a esta hora Sebastião?

Sebastião, às nove horas, por um nordeste agudo que torcia as luzes do gás dentro dos candeeiros, dirigia-se devagar à casa de um comissário de policia, seu primo afastado, o Vicente Azurara. Uma velha servente, engelhada como uma maçã raineta, levou-o ao quarto escolástico, onde o senhor comissário estava a cozer uma grande constipação; encontrou-o com um gabão pelos ombros, os pés embrulhados num cobertor, tomando grogues quentes, e lendo o Homem dos três calções. Apenas Sebastião entrou, tirou do nariz adunco as grandes lunetas, e erguendo para ele os olhos pequeninos, chorosos de defluxo, exclamou:

- Estou com um diabo de uma constipação há três dias, que me não quer largar.





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