- Vá, ponha o chapéu, e para a rua!
Juliana então alucinada de raiva, com os olhos saídos das órbitas, veio para ele e cuspiu lhe na cara!
Mas de repente a boca abriu-se-lhe desmedidamente, arqueou-se para trás, levou com ânsia as mãos ambas ao coração, e caiu para o lado, com um som mole, como um fardo de roupa.
Sebastião abaixou-se, sacudiu-a; estava hirta, uma escuma roxa aparecia-lhe aos cantos da boca.
Agarrou no chapéu, desceu as escadas, correu até a Patriarcal. Um cupê passava; atirou-se para dentro, mandou a "todo o que der", para a casa de Julião; e obrigou-o a vir imediatamente, mesmo em chinelas, sem colarinho.
- É caso de morte, é a Juliana - balbuciava muito pálido.
E pelo caminho, entre o ruído das rodas e o tilintar dos caixilhos, contava ente que entrara em casa de Luísa, que achara Juliana muito despeitada por ter sido despedida, e que a falar, a esbracejar, de repente, tombara para o lado!
- Foi o coração. Estava para dias - disse Julião, chupando a ponta do cigarro.
Pararam. Mas Sebastião desorientado, ao sair, fechara a porta! E dentro só a morta! O cocheiro ofereceu a sua gazua, que serviu.
- Então nem se vai a uma passeatinha ao Dafundo, meus fidalgos? - disse o homem, metendo a gorjeta na algibeira.
Mas vendo-os atirar com a porta:
- Também não é gente disso - rosnou com desprezo, batendo a parelha.
Entraram.
No pequeno pátio o silêncio da casa pareceu a Sebastião pavoroso. Subia, aterrado, os degraus, que se lhe afiguravam infindáveis; e, com fortes pancadas do coração, esperava ainda que ela estivesse apenas adormecida num desmaio simples, ou já de pé, pálida e respirando!
Não. Lã estava como a deixara, estendida na esteira, com os braços abertos, os dedos retorcidos como garras.