.. É um tributo universal!...
E assoou-se com estrondo.
A Joana, então, de xale e lenço, apareceu, em bicos de pés. Soubera pelos vizinhos que a Juliana "arrebentara", que os senhores estavam em casa do Sr. Sebastião. Vinha de lá. Luísa mandara-a entrar no quarto. Quando a viu doente, a sua rica senhora, lacrimejou muito. Luísa disse-lhe - que agora estava tudo como dantes, podia voltar...
- E ouça. Joana, se o Sr. Jorge lhe perguntar... que esteve em Belas com à tia...
A rapariga fora logo buscar a trouxa e vinha instalar-se - um pouco assustada da morte em casa.
Daí a pouco o Paula bateu discretamente à porta.
Ali vinha oferecer-se para o que fosse necessário naquele transe! E tirando e pondo rapidamente o boné, raspando o pé, dizia com a sua voz catarrosa:
- Lamento a desgraça, lamento a desgraça! Todos somos mortais...
- Bem, bem, Sr. Paula, não é necessário nada - disse Jorge. - Obrigado!
E fechou bruscamente a cancela.
Estava impaciente por se desembaraçar "daquela estopada"; e mesmo como o enfastiavam as marteladas espaçadas dos homens pregando o caixão, em cima, chamou a Joana:
- Diga a essa gente que se avie. Não vamos ficar aqui toda a vida!
A Joana foi logo dizer que o senhor estava um frenesi! Tinha-se feito já íntima da Sra. Margarida. A amortalhadeira fora mesmo com ela à cozinha para tomar uma "sustanciazinha". Como o lume estava apagado, contentou-se com sopas de pão em vinho.
- Sopinha de burro - dizia, fazendo estalar a língua.
Mas estava enojada com a defunta! Nunca vira bicho mais feio. Um corpo de sardinha seca! E pondo um olhar complacente nas belas formas de Joana: - A menina, não. A menina tem-me o ar de ter muito bom corpo... - E parecia calcular como talharia a mortalha para aquelas linhas robustas.