Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 2: CAPÍTULO II

Página 37
..

- Está claro, está claro... - disse ele.

Jorge então, que abrira a porta do escritório, chamou-o:

- Ó Sebastião! Fazes favor?

Ele foi logo com o seu andar pesado, o largo dorso curvado; as abas do seu casaco malfeito tinham comprimento eclesiástico.

Entraram para o escritório.

Era uma saleta pequena, com uma estante alta e envidraçada, tendo em cima a estatueta de gesso, empoeirada e velha, de uma bacante em delírio. A mesa, com um antigo tinteiro de prata que fora de seu avô, estava ao pé da janela; uma coleção empilhada de Diários do Governo branquejava a um canto; por cima da cadeira de marroquim-escuro pendia, num caixilho preto, uma larga fotografia de Jorge; e sobre o quadro duas espadas encruzadas reluziam. Uma porta, no fundo, coberta com um reposteiro de baeta escarlate, abria para o patamar.

- Sabes quem esteve aí de tarde? - disse logo Jorge acendendo o cachimbo. - Aquela desavergonhada da Leopoldina! Que te parece, hem?

- E entrou? - perguntou Sebastião, baixo, correndo por dentro o pesado reposteiro de fazenda listrada.

- Entrou, sentou-se, esteve, demorou-se! Fez o que quis! A Leopoldina, a Pão e Queijo!

E arremessando o fósforo violentamente:

- Quando penso que aquela desavergonhada vem a minha casa! Uma criatura que tem mais amantes que camisas, que anda pelo Dafundo em troças, que passeava nos bailes, este ano, de dominó, com um tenor! A mulher do Zagalão, um devasso que falsificou uma letra!

E quase ao ouvido de Sebastião:

- Uma mulher que dormiu com o Mendonça dos calos! Aquele sebento do Mendonça dos calos!

Teve um gesto furioso; exclamou:

- E vem aqui, senta-se nas minhas cadeiras, abraça minha mulher, respira o meu ar!... Palavra de honra, Sebastião, se a pilho - procurou mentalmente, com o olhar aceso, um castigo suficiente - dou-lhe açoites!

Sebastião disse devagar:

- E o pior é a vizinhança.

<< Página Anterior

pág. 37 (Capítulo 2)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Primo Basílio
Páginas: 414
Página atual: 37

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I 1
CAPÍTULO II 24
CAPÍTULO III 45
CAPÍTULO IV 70
CAPÍTULO V 121
CAPÍTULO VI 154
CAPÍTULO VII 191
CAPÍTULO VIII 213
CAPÍTULO IX 251
CAPÍTULO X 273
CAPÍTULO XI 293
CAPÍTULO XII 327
CAPÍTULO XIII 346
CAPÍTULO XIV 366
CAPÍTULO XV 387
CAPÍTULO XVI 400
"O PRIMO BASÍLIO" (CARTA A TEÓFILO BRAGA) 411