Sebastião, inquieto, foi devagar ter com ele. Estava às escuras.
- Aqueles idiotas não se calarão? Não se irão? - disse ele abafadamente, agarrando o braço de Sebastião.
- Sossega!
- Oh, Sebastião! Sebastião! - E a sua voz tremia, com lágrimas.
Mas Luísa, da sala, gritou:
- Que conspiração é essa aí dentro às escuras?
Sebastião apareceu logo, dizendo:
- Nada, nada. Estávamos lá dentro... - E acrescentou baixo: - O Jorge está fatigado. Está adoentado, coitado!
Notaram, quando ele voltou - que tinha com efeito o ar esquisito.
- Não, realmente não me sinto bom, estou incomodado!
- E a débil D. Luísa precisa o repouso do seu leito - disse o Conselheiro erguendo-se.
Ernestinho que não se podia demorar, ofereceu logo ao Conselheiro e a Julião - a sua carruagem, que era uma caleche, se iam para a Baixa...
- Que honra - exclamou Julião olhando Acácio - irmos na tipóia do grande homem!
E enquanto D. Felicidade se agasalhava, os três desceram.
No meio da escada Julião parou, e cruzando os braços:
- Ora aqui vou eu entre os representantes dos dois grandes movimentos de Portugal desde 1820. A Literatura - e cumprimentou Ernestinho - e o Constitucionalismo! - e curvou-se para o Conselheiro.
Os dois riram, lisonjeados.
- E o amigo Zuzarte?
- Eu? - E baixando a voz: - Até há dias um revolucionário terrível. Mas agora...
- O quê?
- Um amigo da Ordem! - gritou com júbilo.
E desceram, contentes de si e do seu país, para se meterem na tipóia do grande homem!