O Primo Basílio - Cap. 14: CAPÍTULO XIV Pág. 386 / 414

Sebastião, inquieto, foi devagar ter com ele. Estava às escuras.

- Aqueles idiotas não se calarão? Não se irão? - disse ele abafadamente, agarrando o braço de Sebastião.

- Sossega!

- Oh, Sebastião! Sebastião! - E a sua voz tremia, com lágrimas.

Mas Luísa, da sala, gritou:

- Que conspiração é essa aí dentro às escuras?

Sebastião apareceu logo, dizendo:

- Nada, nada. Estávamos lá dentro... - E acrescentou baixo: - O Jorge está fatigado. Está adoentado, coitado!

Notaram, quando ele voltou - que tinha com efeito o ar esquisito.

- Não, realmente não me sinto bom, estou incomodado!

- E a débil D. Luísa precisa o repouso do seu leito - disse o Conselheiro erguendo-se.

Ernestinho que não se podia demorar, ofereceu logo ao Conselheiro e a Julião - a sua carruagem, que era uma caleche, se iam para a Baixa...

- Que honra - exclamou Julião olhando Acácio - irmos na tipóia do grande homem!

E enquanto D. Felicidade se agasalhava, os três desceram.

No meio da escada Julião parou, e cruzando os braços:

- Ora aqui vou eu entre os representantes dos dois grandes movimentos de Portugal desde 1820. A Literatura - e cumprimentou Ernestinho - e o Constitucionalismo! - e curvou-se para o Conselheiro.

Os dois riram, lisonjeados.

- E o amigo Zuzarte?

- Eu? - E baixando a voz: - Até há dias um revolucionário terrível. Mas agora...

- O quê?

- Um amigo da Ordem! - gritou com júbilo.

E desceram, contentes de si e do seu país, para se meterem na tipóia do grande homem!





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