Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 15: CAPÍTULO XV

Página 388
Fixou Jorge um momento de um modo desvairado, estendeu os braços sem poder falar, levou as mãos à cabeça com um gesto ansioso como se se sentisse ferida, e oscilando, com um grito rouco, caiu sobre os joelhos, ficou estirada no tapete.

Jorge gritou. As criadas acudiram. Estenderam-na na cama. Ele quis que Joana corresse a chamar Sebastião; e ficou, como petrificado, junto ao leito, olhando-a, enquanto Mariana toda trémula desatacava os espartilhos da senhora.

Sebastião veio logo. Felizmente havia éter, fizeram-lho respirar; apenas abriu lentamente os olhos, Jorge precipitou-se sobre ela:

- Luísa, ouve, fala! Não, não tem dúvida. Mas fala. Dize, que tens?

Ao ouvir a voz dele desmaiou outra vez. Movimentos convulsivos sacudiam-lhe o corpo. Sebastião correu a buscar Julião.

Luísa parecia adormecida agora, imóvel, branca como cera, as mãos pousadas sobre a colcha; e duas lágrimas corriam-lhe devagar pelas faces.

Um trem parou, Julião apareceu esbaforido.

- Achou-se mal de repente... Vê, Julião. Está muito mal! - disse Jorge. Fizeram-lhe respirar mais éter; despertou outra vez. Julião falou-lhe, tomando-lhe o pulso.

- Não, não, ninguém! - murmurou ela retirando a mão. Repetiu com impaciência: - Não, vão-se, não quero... - As suas lágrimas redobravam. E como eles saiam da alcova para a não excitar contrariando-a, ouviram-na chamar:

- Jorge!

Ele ajoelhou-se ao pé da cama, e falando-lhe junto do rosto:

- Que tens tu? Não se fala mais em tal. Acabou-se. Não estejas doente. Juro-te, amo-te... Fosse o que fosse, não me importa. Não quero saber, não.

E como ela ia falar, ele pousou-lhe a mão na boca:

- Não, não quero ouvir. Quero que estejas boa, que não sofras! Dize que estas boa! Que tens? Vamos amanhã para o campo, e esquece-se tudo.

<< Página Anterior

pág. 388 (Capítulo 15)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Primo Basílio
Páginas: 414
Página atual: 388

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I 1
CAPÍTULO II 24
CAPÍTULO III 45
CAPÍTULO IV 70
CAPÍTULO V 121
CAPÍTULO VI 154
CAPÍTULO VII 191
CAPÍTULO VIII 213
CAPÍTULO IX 251
CAPÍTULO X 273
CAPÍTULO XI 293
CAPÍTULO XII 327
CAPÍTULO XIII 346
CAPÍTULO XIV 366
CAPÍTULO XV 387
CAPÍTULO XVI 400
"O PRIMO BASÍLIO" (CARTA A TEÓFILO BRAGA) 411