Juliana veio alumiar. - O chá estava pronto, quando a senhora quisesse...
Luísa subiu daí a pouco com um largo roupão branco, muito fatigada; na voltaire; sentia vir-lhe uma sonolência; a cabeça pendia-lhe; cerravas as pálpebras... E Juliana tardava tanto com o chá! Chamou-a. Onde estava? Credo!
Tinha descido, pé ante pé, ao quarto de Luísa. E aí tomando o vestido, as saias engomadas que ela despira e atirara para cima da causeuse, desdobrou-as, examinou-as, e com uma certa idéia, cheirou-as! Havia o vago aroma de um corpo lavado e quente, com uma pontinha de suor e de água-de-colônia. Quando a sentiu chamar, impacientar-se em cima, subiu, correndo. - Fora abaixo dar uma arrumadela. Era o chá? Estava pronto...
E entrando com as torradas:
- Veio aí o Sr. Sebastião, haviam de ser nove horas...
- Que lhe disse?
- Que a senhora tinha saído com a senhora D. Felicidade. Como não sabia, não disse para onde.
E acrescentou:
- Esteve a conversar comigo, o Sr. Sebastião... Esteve a conversar mais de meia hora!...
Luísa recebeu, na manhã seguinte, da parte de Sebastião, um ramo de rosas, magenta-escuro, magníficas. Cultivava-as ele na quinta de Almada, e chamavam-se rosas D. Sebastião. Mandou-as pôr nos vasos da sala; e como o dia estava encoberto, de um calor baixo e sufocante:
- Olhe - disse a Juliana - abra as janelas.
- "Bem" - pensou Juliana - "temos cá o melro."
O melro veio com efeito às três horas. Luísa estava na sala, ao piano.
- Está ali o sujeito do costume - foi dizer Juliana.
Luísa voltou-se corada, escandalizada da expressão:
- Ah! Meu primo Basílio? Mande entrar.
E chamando-a:
- Ouça, se vier o Sr. Sebastião, ou alguém, que entre.
Era o primo! O sujeito, as suas visitas perderam de repente para ela todo o interesse picante.