O Primo Basílio - Cap. 4: CAPÍTULO IV Pág. 85 / 414

Juliana veio alumiar. - O chá estava pronto, quando a senhora quisesse...

Luísa subiu daí a pouco com um largo roupão branco, muito fatigada; na voltaire; sentia vir-lhe uma sonolência; a cabeça pendia-lhe; cerravas as pálpebras... E Juliana tardava tanto com o chá! Chamou-a. Onde estava? Credo!

Tinha descido, pé ante pé, ao quarto de Luísa. E aí tomando o vestido, as saias engomadas que ela despira e atirara para cima da causeuse, desdobrou-as, examinou-as, e com uma certa idéia, cheirou-as! Havia o vago aroma de um corpo lavado e quente, com uma pontinha de suor e de água-de-colônia. Quando a sentiu chamar, impacientar-se em cima, subiu, correndo. - Fora abaixo dar uma arrumadela. Era o chá? Estava pronto...

E entrando com as torradas:

- Veio aí o Sr. Sebastião, haviam de ser nove horas...

- Que lhe disse?

- Que a senhora tinha saído com a senhora D. Felicidade. Como não sabia, não disse para onde.

E acrescentou:

- Esteve a conversar comigo, o Sr. Sebastião... Esteve a conversar mais de meia hora!...

Luísa recebeu, na manhã seguinte, da parte de Sebastião, um ramo de rosas, magenta-escuro, magníficas. Cultivava-as ele na quinta de Almada, e chamavam-se rosas D. Sebastião. Mandou-as pôr nos vasos da sala; e como o dia estava encoberto, de um calor baixo e sufocante:

- Olhe - disse a Juliana - abra as janelas.

- "Bem" - pensou Juliana - "temos cá o melro."

O melro veio com efeito às três horas. Luísa estava na sala, ao piano.

- Está ali o sujeito do costume - foi dizer Juliana.

Luísa voltou-se corada, escandalizada da expressão:

- Ah! Meu primo Basílio? Mande entrar.

E chamando-a:

- Ouça, se vier o Sr. Sebastião, ou alguém, que entre.

Era o primo! O sujeito, as suas visitas perderam de repente para ela todo o interesse picante.





Os capítulos deste livro