Sebastião saiu. Onde estariam? Soube-se na manhã seguinte.- Descia o Moinho de Vento, e um vizinho, o Neto, que subia curvado sob o seu guarda-sol, com o cigarro ao canto do bigode grisalho, deteve-o bruscamente, para lhe dizer:
- Ó amigo Sebastião, ouça cá. Vi ontem à noite no Passeio a D. Luísa com um rapaz que eu conheço. Mas de onde conheço eu aquela cara? Quem diabo é?
Sebastião encolheu os ombros.
- Um rapaz alto, bonito, com um ar estrangeirado. Eu conheço-o. Noutro dia vi-o entrar para lá. Você não sabe?
Não sabia.
- Eu conheço aquela cara. Tenho estado a ver se me recordo... Passava a mão pela testa. - Eu conheço aquela cara! Ele é de Lisboa. De Lisboa é ele!
E depois de um silêncio, fazendo girar o guarda-sol:
- E que há de novo, Sebastião?
Também não sabia. Nem eu!
E bocejando muito:
- Isto está uma pasmaceira, homem!
Nessa tarde, às quatro horas, Sebastião voltou à casa de Luísa. Estava com "o sujeito!" Ficou então preocupado. Decerto era algum negócio de Jorge; porque não compreendia que ela falasse, sentisse, vivesse, que não fosse no interesse da casa e para maior felicidade de Jorge. Mas devia ser grave então - para reclamar visitas, encontros, tantas relações. Tinham pois interesses importantes que ele não conhecia! E aquilo parecia-lhe uma ingratidão, e como uma diminuição de amizade.
A tia Joana tinha-o achado "macambúzio".
Foi ao outro dia que soube que o sujeito era o primo Basílio, o Basílio de Brito. O seu vago desgosto dissipou-se, mas um receio mais definido veio inquietá-lo Sebastião não conhecia Basílio pessoalmente, mas sabia a crônica da sua mocidade.