- Quem é esse Tompson velho, que nos aparece agora, a esta hora da noite? perguntou Carlos, a seu pesar interessado.
- O Tompson velho é o pai da Sr.ª condessa. A Sr.ª condessa era uma miss Tompson, dos Tompson do Porto... O Sr. Tompson não tem querido ultimamente emprestar nem mais um real ao genro: de sorte que, uma vez, já no tempo do Pimenta também, o Sr. conde, furioso, disse à senhora que ela e o pai se deviam lembrar que eram gente de comercio e que fora ele que fizera dela uma condessa; e com perdão de v. ex.ª, a senhora condessa ali mesmo à mesa mandou o condado à tábua... Estas coisas não estão no género do Pimenta.
Carlos bebeu um gole de grog. Bailava-lhe nos lábios uma pergunta, mas hesitava. Depois reflectiu na puerilidade de tão rígidos escrúpulos, a respeito de uma gente, que ao jantar, diante do escudeiro, quebrava a porcelana, mandava à tábua o título dos antepassados. E perguntou:
- Que diz o Sr. Pimenta da senhora condessa, Baptista? Ela diverte-se?
- Creio que não, meu senhor. Mas a criada de confiança dela, uma escocesa, essa é desobstinada. E não fica bem à senhora condessa ser assim tão íntima com ela...
Houve um silêncio no quarto, a chuva cantou mais forte nos vidros.
- Passando a outro assunto, Baptista. Vamos a saber, há quanto tempo, não escrevo eu a madame Rughel?