Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 6: Capítulo 6

Página 153
!

Ega, generoso também, respondeu:

- À tua, Thomaz!

Abraçaram-se. Alencar jurou que ainda na véspera, em casa de D. Joana Coutinho, ele dissera que não conhecia ninguém mais cintilante que o Ega! Ega afirmou logo que em poemas nenhuns corria, como nos do Alencar, uma tão bela veia lírica. Apertaram-se outra vez, com palmadas pelos ombros. Trataram-se de irmãos na arte, trataram-se de génios!...

- São extraordinários, disse Craft baixo a Carlos, procurando o chapéu. Desorganizam-me, preciso ar!...

A noite alongava-se, eram onze horas. Ainda se bebeu mais cognac. Depois Cohen saiu levando o Ega. Dâmaso e Alencar desceram com Carlos – que ia recolher a pé pelo Aterro.

Á porta, o poeta parou com solenidade.

- Filhos, exclamou ele tirando o chapéu e refrescando largamente a fronte, então? Parece-me que me portei como um gentleman!

Carlos concordou, gabou-lhe a generosidade...

- Estimo bem que me digas isso, filho, porque tu sabes o que é ser gentleman! E agora vamos lá por esse Aterro fora... Mas deixa-me ir ali primeiro comprar um pacote de tabaco...

- Que tipo! exclamou Dâmaso, vendo-o afastar-se. E a coisa ia-se pondo feia...

E imediatamente, sem transição, começou a fazer elogios a Carlos. O Sr. Maia não imaginava há quanto tempo ele desejava conhecê-lo!

- Oh senhor...

Creia v. ex.ª... Eu não sou de sabujices... Mas pode v. Ex.ª perguntar ao Ega, quantas vezes o tenho dito: v. Ex.ª é a coisa melhor que há em Lisboa! Carlos, baixava a cabeça, mordendo o riso. Dâmaso, repetia, do fundo do peito.

- Olhe que isto é sincero, Sr. Maia! Acredite v Ex.ª que isto é do coração!

Era realmente sincero. Desde que Carlos habitava Lisboa, tivera ali, naquele moço gordo e bochechudo, sem o saber, uma adoração muda e profunda; o próprio verniz dos seus sapatos, a cor das suas luvas eram para o Dâmaso motivo de veneração, e tão importantes como princípios. Considerava Carlos um tipo supremo de chic, do seu querido chic, um Brumel, um d'Orsay, um Morny, - uma «destas coisas que só se vêem lá fora», como ele dizia arregalando os olhos.

<< Página Anterior

pág. 153 (Capítulo 6)

Página Seguinte >>

Capa do livro Os Maias
Páginas: 630
Página atual: 153

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 26
Capítulo 3 45
Capítulo 4 75
Capítulo 5 98
Capítulo 6 126
Capítulo 7 162
Capítulo 8 189
Capítulo 9 218
Capítulo 10 260
Capítulo 11 301
Capítulo 12 332
Capítulo 13 365
Capítulo 14 389
Capítulo 15 439
Capítulo 16 511
Capítulo 17 550
Capítulo 18 605