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Capítulo 7: Capítulo 7

Página 169

Salcede corou de gozo. Escorregou um olhar ao verniz dos sapatos, à meia cor de carne, e revirando para Carlos o bugalho azulado da orbita:

- Eu agora ando bem... Mas, muito blazè.

E foi realmente com um ar blazè que se ergueu a ir buscar a uma mesa de jardim, ao lado, onde estavam jornais e charutos, a Gazeta Ilustrada, «para ver o que ia pela pátria.» Apenas lhe deitou os olhos soltou uma exclamação.

- Outro debute? perguntou Carlos.

- Não, é a besta do Castro Gomes!

A Gazeta Ilustrada anunciava que «o Sr. Castro Gomes, o cavalheiro brasileiro que no Porto fora vítima da sua dedicação por ocasião da desgraça ocorrida na Praça Nova, e de que o nosso correspondente J. T. nos deu uma descrição tão opulenta de colorido realista, acha-se restabelecido e é hoje esperado no Hotel Central. Os nossos parabéns ao arrojado gentleman.»

- Ora está s. Ex.ª restabelecida! exclamou Dâmaso, atirando para o lado o jornal. Pois deixa estar, que agora é a ocasião de lhe dizer na cara o que penso... Aquele pulha!

- Tu exageras, murmurou Carlos, que se apoderara vivamente do jornal, e relia a notícia.

- Ora essa! exclamou Dâmaso, erguendo-se. Ora essa! Queria ver, se fosse contigo... É uma besta! É um selvagem!

E repetiu mais uma vez a Carlos essa história que o magoava. Desde a sua chegada de Bordéus, logo que o Castro Gomes se instalara no Hotel Central, ele fora deixar-lhe bilhetes duas vezes - a ultima na manhã seguinte ao jantar do Ega. Pois bem, s. Ex.ª não se dignara agradecer a visita! Depois eles tinham partido para o Porto; fora aí que, passeando só na Praça Nova, vendo a parelha de uma caleche desbocada, duas senhoras em gritos, Castro Gomes se lançara ao freio dos cavalos - e, cuspido contra as grades, tinha deslocado um braço. Teve de ficar no Porto, no Hotel, cinco semanas. E ele imediatamente (sempre com o olho na mulher) mandara-lhe dois telegramas: um de sentimento, lamentando, outro de interesse, pedindo noticias. Nem a um, nem a outro, o animal respondeu!

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Capa do livro Os Maias
Páginas: 630
Página atual: 169

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 26
Capítulo 3 45
Capítulo 4 75
Capítulo 5 98
Capítulo 6 126
Capítulo 7 162
Capítulo 8 189
Capítulo 9 218
Capítulo 10 260
Capítulo 11 301
Capítulo 12 332
Capítulo 13 365
Capítulo 14 389
Capítulo 15 439
Capítulo 16 511
Capítulo 17 550
Capítulo 18 605