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Capítulo 8: Capítulo 8

Página 190

E Cruges subiu precipitadamente para a almofada, para o lado de Carlos, rosnando que, com a preocupação de se levantar tão cedo, tivera uma insónia abominável...

- Mas que diabo de ideia é essa de mudar de casa, sem avisar a gente, homem? - exclamou Carlos, atirando-lhe para cima dos joelhos um bocado do plaid que o agasalhava, porque o maestro parecia arrepiado.

- É que esta casa também é nossa, disse simplesmente Cruges.

- Está claro, aí está uma razão! murmurou Carlos rindo e encolhendo os ombros.

Partiram.

Era uma manhã muito fresca, toda azul e branca, sem uma nuvem, com um lindo sol que não aquecia, e punha nas ruas, nas fachadas das casas, barras alegres de claridade dourada. Lisboa acordava lentamente: as saloias ainda andavam pelas portas com os seus seirões de hortaliças: varria-se devagar a testada das lojas: no ar macio morria a distancia um toque fino de missa.

Cruges, tendo acabado de arranjar o cachenés e de abotoar as luvas, estendeu um olhar à esplêndida parelha baía reluzindo como um cetim sob o faiscar de prata dos arreios, aos criados com os seus ramos nas librés, a todo aquele luxo correcto e rolando em cadência - onde fazia mancha o seu paletó: mas o que o impressionou foi o aspecto resplandecente de Carlos, o olhar aceso, as belas cores, o belo riso, o quer que fosse de vibrante e de luminoso, que, sob o seu simples veston de xadrezinho castanho, naquela almofada burguesa de break, lhe dava um arranque de herói jovial, lançando o seu carro de guerra... Cruges farejou uma aventura, soltou logo a pergunta que desde a véspera lhe ficara nos lábios.

- Com franqueza, aqui para nós, que ideia foi esta de ir a Sintra?

Carlos gracejou. O maestro jurava o segredo pela alma melodiosa de Mozart, e pelas fugas de Bach? Pois bem, a ideia era vir a Sintra, respirar o ar de Sintra, passar o dia em Sintra... Mas, pelo amor de Deus, que o não revelasse a ninguém!

E acrescentou, rindo:

- Deixa-te levar, que não te hás de arrepender...

Não, Cruges não se arrependia. Até achava delicioso o passeio, gostara sempre muito de Sintra...

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Capa do livro Os Maias
Páginas: 630
Página atual: 190

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 26
Capítulo 3 45
Capítulo 4 75
Capítulo 5 98
Capítulo 6 126
Capítulo 7 162
Capítulo 8 189
Capítulo 9 218
Capítulo 10 260
Capítulo 11 301
Capítulo 12 332
Capítulo 13 365
Capítulo 14 389
Capítulo 15 439
Capítulo 16 511
Capítulo 17 550
Capítulo 18 605