Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 1: Capítulo 1

Página 23
...

Depois, por vezes, entre dois robbers ou conversando em volta da bandeja do chá, os seus amigos tinham observações que o inquietavam, partindo daqueles homens que habitavam Lisboa, lhe conheciam os rumores - enquanto ele passava ali, inverno e verão,

entre os seus livros e as suas rosas. Era o excelente Sequeira que perguntava porque não faria Pedro uma viagem longa, para se instruir, à Alemanha, ao Oriente? Ou o velho Luiz Runa, o primo de Afonso, que, a propósito de coisas indiferentes, rompia lamentando os tempos em que o Intendente da polícia podia livremente expulsar de Lisboa as pessoas importunas... Evidentemente aludiam à Monforte, evidentemente julgavam-na perigosa.

No verão, Pedro partiu para Sintra; Afonso soube que os Monfortes tinham lá alugado uma casa. Dias depois o Vilaça apareceu em Benfica, muito preocupado: na véspera Pedro visitara-o no cartório, pedira-lhe informações sobre as suas propriedades, sobre o meio de levantar dinheiro. Ele lá lhe dissera que em setembro, chegando à sua maioridade, tinha a legitima da mamã...

- Mas não gostei disto, meu senhor, não gostei disto...

- E porque, Vilaça? O rapaz quererá dinheiro, quererá dar presentes à criatura... O amor é um luxo caro, Vilaça.

- Deus queira que seja isso, meu senhor, Deus o ouça!

E aquela confiança tão nobre de Afonso da Maia no orgulho patrício, nos brios de raça de seu filho, chegava a tranquilizar Vilaça.

Daí a dias, Afonso da Maia viu enfim Maria Monforte. Tinha jantado na quinta do Sequeira ao pé de Queluz, e tomavam ambos o seu café no mirante, quando entrou pelo caminho estreito que seguia o muro a caleche azul com os cavalos cobertos de redes. Maria, abrigada sob uma sombrinha escarlate, trazia um vestido cor-de-rosa cuja roda, toda em folhos, quase cobria os joelhos de Pedro sentado ao seu lado: as fitas do seu chapéu, apertadas num grande laço que lhe enchia o peito, eram também cor-de-rosa: e a sua face,

grave e pura como um mármore grego, aparecia realmente adorável, iluminada pelos olhos de um azul sombrio, entre aqueles tons rosados.

<< Página Anterior

pág. 23 (Capítulo 1)

Página Seguinte >>

Capa do livro Os Maias
Páginas: 630
Página atual: 23

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 26
Capítulo 3 45
Capítulo 4 75
Capítulo 5 98
Capítulo 6 126
Capítulo 7 162
Capítulo 8 189
Capítulo 9 218
Capítulo 10 260
Capítulo 11 301
Capítulo 12 332
Capítulo 13 365
Capítulo 14 389
Capítulo 15 439
Capítulo 16 511
Capítulo 17 550
Capítulo 18 605