E, duas tardes depois, ao descer para o Aterro - o primeiro encontro que teve, às Janelas Verdes, foi o Castro Gomes, de caleche descoberta, com a mulher ao lado, e a cadelinha no colo.
Ela passou, sem o ver. E logo ali Carlos decidiu findar aquela tortura, pedir muito simplesmente ao Dâmaso que o apresentasse ao Castro Gomes, antes dele partir para o Brasil... Não podia mais, precisava ouvir a voz dela, ver o que os seus olhos diziam quando eram interrogados de perto.
Mas toda essa semana achou-se, constantemente, sem saber como, na companhia dos Gouvarinhos. Começou por encontrar o conde, que lhe travou do braço, arrastou-o à rua de S. Marçal, instalou-o numa poltrona, no seu escritório, e leu-lhe um artigo que destinava ao Jornal do Comercio sobre a situação dos partidos em Portugal: depois convidou-o a jantar. Na tarde seguinte eles tinham uma partida de croquet. Carlos foi. E, a uma janela, aberta sobre o jardim, teve um momento de intimidade com a condessa, contou-lhe, rindo, como os cabelos dela o tinham encantado, a primeira vez que a vira. Nessa noite, ela falou de um livro de Tenyson, que não lera; Carlos ofereceu-lho, foi-lho levar ao outro dia, de manhã. Encontrou-a só, toda vestida de branco: e riam, baixavam já a voz, as duas cadeias estavam mais juntas - quando o escudeiro anunciou a Sr.ª D. Maria da Cunha. Era uma coisa tão extraordinária, a D. Maria da Cunha àquela hora! Carlos, de resto, gostava muito da D. Maria da Cunha, uma velha engraçada, toda bondade, cheia de simpatia por todos os pecados - e ela mesma muito pecadora quando era a linda Cunha. D. Maria era muito faladora, parecia ter que dizer em particular à condessa; e Carlos deixou-as, prometendo voltar uma dessas tardes tomar chá, e falar de Tenyson.
Na tarde em que ele se vestia para lá ir, Dâmaso apareceu-lhe no quarto, a dar-lhe uma novidade que o enchia de desgosto e de «ferro». O telhudo do Castro Gomes mudara de ideia, já não ia ao Brasil! Ficava ali, no Central, até meados do verão! De sorte que estava tudo estragado...