Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 9: Capítulo 9

Página 254

Não era, pois, necessário que Dâmaso o apresentasse!

- Aparece à noite, Dâmasozinho, vai lá jantar amanhã! exclamou Carlos, subitamente radiante, dando um ardente aperto de mão ao seu amigo.

Quando entrou na sala, um escudeiro acabava de servir chá. A sala, forrada de um papel severo, verde e ouro, com retratos de família em caixilhos pesados, abria por duas varandas sobre a folhagem do jardim. Em cima das mesas havia cestos de flores. No sofá, duas senhoras de chapéu, ambas de preto, conversavam, com a chávena na mão. A condessa, ao estender os dedos a Carlos, ficara tão cor-de-rosa - como a seda acolchoada da cadeira em que estava recostada, ao pé de um velador de pau santo. Notou logo, sorrindo, o ar radiante de Carlos. Que lhe tinha acontecido de bom? Carlos sorriu também, disse que não era possível entrar ali com outro ar. Depois perguntou pelo conde...

O conde ainda não aparecera, detido decerto na câmara dos pares, onde se discutia o projecto sobre a Reforma da Instrução Publica.

Uma das senhoras de preto fazia votos para que se aliviassem os estudos. As pobres crianças sucumbiam verdadeiramente à quantidade exagerada de matérias, de coisas a decorar: o dela, o Joãozinho, andava tão pálido e tão desfigurado, que ela às vezes tinha vontade de o deixar ficar ignorante de todo. A outra senhora pousou a chávena sobre um console ao lado, e passando sobre os lábios a renda do lenço, queixou-se sobretudo dos examinadores. Era um escândalo as exigências, as dificuldades que punham, só para poder deitar RR... Ao pequeno dela tinham feito as perguntas mais estúpidas, as mais reles; assim, por exemplo, o que era o sabão, porque lavava o sabão?...

A outra senhora e a condessa apertaram as mãos contra o peito, consternadas. E Carlos, muito amável, concordou que era uma abominação. O marido dela - continuava a dama de preto - ficara tão desesperado que, encontrando o examinador no Chiado, o ameaçou de lhe dar bengaladas. Uma imprudência, decerto; mas, enfim, o homem fora malvado!... Não havia verdadeiramente senão uma coisa digna de se estudar, eram as línguas.

<< Página Anterior

pág. 254 (Capítulo 9)

Página Seguinte >>

Capa do livro Os Maias
Páginas: 630
Página atual: 254

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 26
Capítulo 3 45
Capítulo 4 75
Capítulo 5 98
Capítulo 6 126
Capítulo 7 162
Capítulo 8 189
Capítulo 9 218
Capítulo 10 260
Capítulo 11 301
Capítulo 12 332
Capítulo 13 365
Capítulo 14 389
Capítulo 15 439
Capítulo 16 511
Capítulo 17 550
Capítulo 18 605