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Capítulo 9: Capítulo 9

Página 258
Depois, sentou-se largamente no sofá - e estava falando de Sintra, rindo alto, quando o conde entrou, seguido de um velho calvo, que se vinha a assoar a um enorme lenço de seda da Índia.

Ao ver Carlos no boudoir, o conde teve uma bela surpresa, esteve-lhe apertando as mãos muito tempo, com calor, assegurando-lhe que ainda nessa manhã, na câmara, se lembrara dele...

- Então, por que vieram tão tarde? exclamou a condessa, que se apoderara logo do velho, rindo, mexendo-se, animada, amável.

- O nosso conde falou! disse o velho, ainda com o olho brilhante de entusiasmo.

- Falaste? exclamou ela, voltando-se com um interesse encantador.

É verdade, falara; e desprevenido! Quando ouvira porém o Torres Valente (homem de literatura, mas um doido, sem senso pratico) quando o ouvira defender a ginástica obrigatória nos colégios - erguera-se. Mas não imaginasse o amigo Maia, que ele tinha feito um discurso.

- Ora essa! exclamou o velho, agitando o lenço. E um dos melhores que eu tenho ouvido na câmara! Dos de arromba!

O Conde modestamente protestou. Não: tinha simplesmente lançado uma palavra de bom senso, e de bom princípio. Perguntara apenas ao seu ilustre amigo, o Sr. Torres Valente, se na sua ideia, os nossos filhos, os herdeiros das nossas casas, estavam destinados para palhaços!...

- Ah, esta piada, Sr.ª condessa! exclamou o velho. Eu só queria que v. Ex.ª ouvisse esta piada... E como ele a disse! com um chic!

O conde sorriu, agradeceu para o lado, ao velho. Sim, dissera-lhe aquilo. E, respondendo a outras reflexões do Torres Valente, que não queria nos liceus, nem nos colégios, um ensino «todo impregnado de catecismo», ele lançara-lhe uma palavra cruel.

- Terrível, exclamou o velho num tom cavo, preparando o lenço para se assoar outra vez.

- Sim, terrível... Voltei-me para ele, e disse-lhe isto... «Creia o digno par, que nunca este país retomará o seu lugar à testa da civilização, se, nos liceus, nos colégios, nos estabelecimentos de instrução, nós outros os legisladores formos, com mão ímpia, substituir a cruz pelo trapézio...

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Capa do livro Os Maias
Páginas: 630
Página atual: 258

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 26
Capítulo 3 45
Capítulo 4 75
Capítulo 5 98
Capítulo 6 126
Capítulo 7 162
Capítulo 8 189
Capítulo 9 218
Capítulo 10 260
Capítulo 11 301
Capítulo 12 332
Capítulo 13 365
Capítulo 14 389
Capítulo 15 439
Capítulo 16 511
Capítulo 17 550
Capítulo 18 605