Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 11: Capítulo 11

Página 330
Pois tu entras numa casa onde existe há quase um mês uma pessoa gravemente doente, e ficas assombrado, petrificado, ao encontrar lá o medicou! Quem esperavas tu ver lá? Um fotógrafo?

- Então quem está doente?

Carlos, em poucas palavras, disse-lhe a bronquite da inglesa - enquanto o Dâmaso, sentado à beira do sofá, mordendo o charuto sem lume, olhava para ele desconfiado.

- E como soube ela onde tu moravas?

- Como se sabe onde mora o rei; onde é a alfândega; de que lado luz a estrela da tarde; os campos onde foi Tróia... Estas coisas que se aprendem nas aulas de instrução primária...

O pobre Dâmaso deu alguns passos pela sala, embezerrado, com as mãos nos bolsos.

- Ela tem agora lá o Romão, o que foi meu criado, murmurou depois de um silêncio. Eu tinha-lho recomendado... Ela leva-se muito pelo que eu lhe digo...

- Sim, tem, por uns dias, enquanto o Domingos foi à terra. Vai mandá-lo embora, é um imbecil, e tu tinhas-lhe ensinado mas maneiras...

Então Dâmaso atirou-se para o canto do sofá e confessou que ao entrar na sala, quando dera com os olhos em Carlos, de cadelinha no colo, ficara furioso... Enfim, agora que sabia que era por doença, bem, tudo se explicava... Mas primeiro parecera-lhe que andava ali tramóia... Só com ela, ainda pensou em lhe perguntar: depois receou que não fosse delicado; e além disso ela estava de mau humor...

E acrescentou logo, acendendo o charuto:

- Que apenas tu saíste, pôs-se melhor, mais à vontade... Rimos muito... Eu fiquei ainda até tarde, quase duas horas mais; era perto das cinco quando saí. Outra coisa, ela falou-te alguma vez de mim?

- Não. É uma pessoa de bom gosto; e sabendo que nos conhecemos, não se atreveria a dizer-me mal de ti. Dâmaso olhou-o, esgazeado:

- Ora essa!... Mas podia ter dito bem!

- Não; é uma pessoa de bom senso, não se atreveria também.

E erguendo-se vivamente, Carlos abraçou Dâmaso pela cinta, acariciando-o, perguntando-lhe pela herança do titi, e em que amores, em que viagens, em que cavalos de luxo ia gastar os milhões...

Dâmaso, sob aquelas festas alegres, permanecia frio, amuado, olhando-o de revés.

<< Página Anterior

pág. 330 (Capítulo 11)

Página Seguinte >>

Capa do livro Os Maias
Páginas: 630
Página atual: 330

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 26
Capítulo 3 45
Capítulo 4 75
Capítulo 5 98
Capítulo 6 126
Capítulo 7 162
Capítulo 8 189
Capítulo 9 218
Capítulo 10 260
Capítulo 11 301
Capítulo 12 332
Capítulo 13 365
Capítulo 14 389
Capítulo 15 439
Capítulo 16 511
Capítulo 17 550
Capítulo 18 605