Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 12: Capítulo 12

Página 344
Mas a condessa e Carlos tinham rido também: - e de repente a frialdade que até aí os conservara ao lado um do outro reservados, numa cerimónia afectada, pareceu dissipar-se ao calor desse riso trocado, no brilho dos dois olhares encontrando-se irresistivelmente. Servira-se o Champagne, ela tinha uma cor no rosto. O seu pé, sem ela saber como, roçou pelo pé de Carlos; sorriram ainda outra vez; - e, como no resto da mesa se conversava sobre uns concertos clássicos que ia haver no Price, Carlos perguntou-lhe, baixo, com uma repreensão amável:

- Que tolice foi essa da brasileira?... Quem lhe disse isso?

Ela confessou-lhe logo que fora o Dâmaso... O Dâmaso viera contar-lhe o entusiasmo de Carlos por essa senhora, e as manhãs inteiras que lá passava, todos os dias, à mesma hora... Enfim o Dâmaso fizera-lhe claramente entrever uma liaison.

Carlos encolheu os ombros. Como podia ela acreditar no Dâmaso? Devia conhecer-lhe bem a tagarelice, a imbecilidade...

- É perfeitamente verdade que eu vou a casa dessa senhora, que nem brasileira é, que é tão portuguesa como eu; mas é porque ela tem a governante muito doente com uma bronquite, e eu sou o médico da casa. Foi até o Dâmaso, ele próprio, que lá me levou como médico!

No rosto da condessa espalhava-se um riso, uma claridade vinda do doce alivio que se fazia no seu coração.

- Mas o Datoaso disse-me que era tão linda!...

Sim, era muito linda. E então? Um médico, por fidelidade às suas afeições, e para as não inquietar, não podia realmente, antes de penetrar na casa de uma doente, exigir-lhe um certificado de hediondez!

- Mas que está ela cá a fazer?...

- Está à espera do marido que foi a negócios ao Brasil, e vem aí... É uma gente muito distinta, e creio que muito rica... Vão-se brevemente embora, de resto, e eu pouco sei deles. As minhas visitas são de médico; tenho apenas conversado com ela sobre Paris, sobre Londres, sobre as suas impressões de Portugal...

<< Página Anterior

pág. 344 (Capítulo 12)

Página Seguinte >>

Capa do livro Os Maias
Páginas: 630
Página atual: 344

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 26
Capítulo 3 45
Capítulo 4 75
Capítulo 5 98
Capítulo 6 126
Capítulo 7 162
Capítulo 8 189
Capítulo 9 218
Capítulo 10 260
Capítulo 11 301
Capítulo 12 332
Capítulo 13 365
Capítulo 14 389
Capítulo 15 439
Capítulo 16 511
Capítulo 17 550
Capítulo 18 605