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Capítulo 14: Capítulo 14

Página 412

Maria erguera-se, inquieta. E um momento, de pé, ambos se olharam, hesitando... Mas o Ega era como um irmão de Carlos. Ele esperava só que o Ega recolhesse de Sintra para o levar à Toca. Melhor seria que o encontro se desse ali, natural, franco e simples...

- Baptista! gritou Carlos, sem vacilar mais. diz ao Sr. Ega que estou a jantar, que entre para aqui.

Maria sentara-se, vermelha, dando um jeito rápido aos ganchos do cabelo, arranjado à pressa, um pouco desmanchado.

A porta abriu-se, - e o Ega parou, assombrado, intimidado, de chapéu branco, de guarda-sol branco, e com um embrulho de papel pardo na mão.

- Maria, disse Carlos, aqui tens enfim o meu grande amigo Ega.

E ao Ega disse simplesmente:

- Maria Eduarda.

Ega ia largar atarantadamente o embrulho para apertar a mão que Maria Eduarda lhe estendia, corada e sorrindo. Mas o papel pardo, mal atado, desfez-se; e uma provisão fresca de queijadas de Sintra rolou, esmagando-se, sobre as flores do tapete. Então todo o embaraço findou através de uma risada alegre - enquanto o Ega, desolado, abria os braços sobre as ruínas do seu doce.

- Tu já jantaste? perguntou Carlos.

Não, não tinha jantado. E via já ali uns ovos moles nacionais, que o encantavam, enfastiado como vinha da horrível cozinha do Victor. Oh, que cozinha! Pratos lúgubres, traduzidos do francês em calão, como as comédias do Ginásio!

- Então avança! exclamou Carlos. Depressa, Baptista!... Traz o caldo de galinha! Oh, ainda temos tempo!... Tu sabes que vou hoje para Santa Olávia?

Está claro que sabia, recebera a carta dele, e por isso viera... Mas não podia jantar ainda, assim coberto do pó da estrada, e com um jaquetão de bucólica...

- Diz que me guardem o caldo, Baptista! Olha, diz que me guardem tudo, que eu trago uma fome de pastor da Arcádia!...

O Baptista servira o café. E a carruagem da senhora, que os devia levar a Santa Apolónia, esperava já à porta com a maleta. Mas Ega agora queria conversar, afirmou que tinham tempo, tirou o relógio. Estava parado. E ele declarou logo que no campo se regulava pelo sol, como as flores e como as aves...

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Capa do livro Os Maias
Páginas: 630
Página atual: 412

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 26
Capítulo 3 45
Capítulo 4 75
Capítulo 5 98
Capítulo 6 126
Capítulo 7 162
Capítulo 8 189
Capítulo 9 218
Capítulo 10 260
Capítulo 11 301
Capítulo 12 332
Capítulo 13 365
Capítulo 14 389
Capítulo 15 439
Capítulo 16 511
Capítulo 17 550
Capítulo 18 605